Uma das grandes dificuldades de estudar a história do Partido de Representação Popular – PRP (1945-1965) é encontrar informações sobre os personagens que fizeram parte da sua trajetória, resgatando assim a memória e trazendo novos dados para o estudo do tema.
Dentre as diversas figuras que fizeram parte da legenda, encontra-se o veterano fluminense da Acção Integralista Brasileira – AIB (1932-1937) Benjamin Bossi, pertencente ao Núcleo Integralista de Petrópolis - RJ. Conhecido entre seus pares pela sua poesia, participou não só ativamente do movimento, como também produziu diversas poesias inspiradas na doutrina Integralista, demonstrando o que, segundo Plínio Salgado, seria a “essência da Doutrina do Sigma”. Esta produção literária, em parte inédita, é pouco conhecida atualmente pelos estudiosos do tema, tendo seu nome não sido incluído na Coletânea de Poetas Integralistas, livro produzido pela editora Clássica Brasileira, nos anos 50, uma omissão irreparável.
Durante sua vida, Benjamin trabalhou como revisor na gráfica da famosa Editora Vozes, localizada em Petrópolis - RJ, além de ter sido, num curto período de tempo, Presidente da Legião 11 de maio, entidade criada durante o Estado Novo (1937-1945) para homenagear os Mártires Integralistas que tombaram durante a invasão ao Palácio da Guanabara. Dois integrantes desta entidade, Antônio Brêtas e Manoel de Paula Lopes, foram protagonistas de um fato inusitado, em 1938; os militantes entram escondendo sob o paletó, no Cemitério São Francisco Xavier - RJ, uma placa de mármore, com os nomes dos Mártires Integralistas, fixando-a no local aonde repousavam as cinzas dos militantes, permanecendo até os dias de hoje esta homenagem. Atualmente também se encontra presente o monumento, inaugurado em 11 de maio de 1974, erigido pelo Instituto Carioca de Estudos Brasileiros – ICEB, organização Integralista, então presidida pelo Integralista General Jayme Ferreira da Silva, entidade co-responsável pela conservação do Mausoléu.
Acima imagem do recibo de contribuição, realizada no dia 11 de maio de 1989, da militante Adriana Honório da Silva para conservação do Mausoléu Integralista.
Uma curiosidade pouco conhecida sobre a inauguração deste monumento foi a ausência do líder Integralista Plínio Salgado, porém sua impossibilidade de comparecer fez com que enviasse uma mensagem, inédita na Internet, publicada no jornal Renovação Nacional e lida pelo veterano da AIB e editor do Jornal supracitado Jáder Araujo de Medeiros, na qual transcrevo abaixo: “A maior homenagem, entretanto, que prestamos a nossos mortos é a de prosseguirmos na difusão de nossa Doutrina, acima das competições políticas, convencidos de que a Filosofia Integralista constitui a salvação dos povos e a garantia da sobrevivência do nosso querido Brasil. Assim procedendo, seremos dignos e teremos o direito de erguer o braço diante deste Mausoléu, bradando com a mesma fé de ontem e a mesma fé de hoje e de amanha: Anauê! Anauê! Anauê!”
Abaixo imagem dos poemas intitulados Hino do Sigma e Mãe, ambos de autoria de Benjamin Bossi.
Abaixo imagem dos poemas intitulados Hino do Sigma e Mãe, ambos de autoria de Benjamin Bossi.