Acima imagem do jornal O Globo, página 06, publicado no dia 06 de dezembro de 1956, no qual aborda a proposta sobre o fechamento dos pequenos partidos políticos existentes no Brasil.
A redução do número de legendas politicas no país e um assunto sensível, tentativas de aprovar a reforma política hoje esbarram em diferentes interesses dos caciques políticos que impendem sua votação, este cenário não e diferente do ano de 1956, quando o Deputado Federal Medeiros Neto, apoiado por representantes do Partido Social Democrata - PSD e da União Democrática Nacional - UDN, defendia abertamente a tese da diminuição de agremiações politicas.
O jornal fluminense O Globo noticiou o tema no dia 05 de dezembro de 1956, em sua primeira página, com a manchete “Reagem os Pequenos Partidos”. Na matéria a publicação ouviu os lideres do Partido Liberal - PL, Partido da Democracia Crista - PDC, Partido Trabalhista Nacional - PTN, Partido Socialista Brasileiro - PSB e do Partido de Representação Popular - PRP, todos contra a proposta, porém diferente das outras respostas o líder Populista, defendeu uma tese distinta dos demais, em principio, contra a existência dos partidos sem ideologias próprias, incapazes de atender os anseios da população, que serviriam apenas como defensor dos interesses pessoais dos políticos profissionais.
Abaixo transcrevo algumas das respostas dos lideres das legendas ditas “pequenas” pelo jornal O Globo:
Queirós Filho (PDC)
"Representante que sou de um pequeno partido, discordo vivamente da sugestão apresentada pelo Deputado Padre Medeiros Neto.
A tendência de reduzir o número dos partidos pode terminar num partido único. E além disso não é possível impedir-se a formação de novas correntes de opinião pública. O Partido Democrata Cristão, por exemplo, é um movimento político que cresce em todos os Estados, com ideologia própria, diferenciada das demais agremiações partidárias. Assim, não me parece democrático o processo de enquadrar-se, através de lei, um partido no âmbito de outro".
Miguel Leuzzi (PTN)
"Como líder de um pequeno partido s´posso ser contra a tese defendida pelo Deputado Medeiros Neto. Acho que os pequenos partidos não podem ser responsabilizados pela situação difícil que atravessa o País. E entendo que os partidos pequenos, com ideologias próprias, devem subsistir. Quem poderá, de resto, prever se no futuro alguns dos atuais pequenos não serão os grandes?"
Luis Campagnoni (PRP)
"Cito Maritain: "Os partidos não são essenciais à democracia. Mas constituem a tentação permanente de todas as democracias sem vigor espiritual e preparam o caminho para o totalitarismo".
Sei esta frase de cor porque ela constitui uma justificativa para todos aqueles que preconizamos uma forma de representação política fora dos partidos. Tenho meus argumentos nesse sentido. Um deles e que o partido político tem objetivos puramente políticos; e as reivindicações populares de hoje não são propriamente políticas: são de caráter econômico, social etc. Hoje o povo reivindica o seu direito à educação, à saúde, à cultura, ao trabalho, o direito de constituir família e assim por diante. Então cabe perguntar: serão ainda os partido políticos os instrumentos adequados para a captação da vontade popular? Outro argumento: as reivindicações políticas já estão todas atendidas na Constituição. No capítulo dos direitos e das garantias individuais, com efeito, estão todas elas consagradas".
"Mas, propriamente quanto à redução do número de partidos, qual e a sua opinião?"
"Este é assunto no qual não desejaria entrar. O que discuto é se os partidos continuam a ser adequados para interpretar os interesses do povo. Entretanto, defendo, já que existem partidos em nosso País, as pequenas agremiações, que são o cenáculo onde florescem as idéias. Podem eles, de resto, assumir grandes proporções e ter influências, decisivas na vida da Nação, como é o caso do Partido Republicano, que, no tempo do Império, não tinha vez, mas que, entretanto, acabou criando a República".