quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

"Série Entrevista XIII - Sr. Murilo Cesar Luiz Alves"


Ficha técnica
Nome: Murilo Cesar Luiz Alves.
Filiação: Hilson José Lima Alves e Marise Luiz Alves.
Estado: Rio de Janeiro - RJ.
Data de nascimento: 28 de outubro de 1963.
Profissão: Servidor Público do Estado do Rio de Janeiro.

Entrevista realizada no mês de dezembro de 2013 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o neto do Veterano da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) Sr. Miguel Antonio Luiz Filho. 


1) Sr. Murilo Cesar Luiz Alves, quais são as primeiras lembranças do senhor referente ao seu avô? Como a memoria dele é abordado por sua família?

Minhas lembranças do meu avô Miguel, remontam, acredito eu, desde 1967. Ele é sempre lembrado como alguém que começou a trabalhar muito cedo, filho do português Miguel Luiz e a filha de portugueses Sara Antonio. 

Quando jovem foi bom estudante, tendo recebido o prêmio de primeiro lugar no curso de técnicas contábeis em 1926, do próprio Professor Lafayet Cortes. E após o casamento em 1939, ter dedicado sua vida toda ao trabalho e a família. O período dos anos 1930, não era comentado pelos contemporâneos da época, e muito menos hoje. Ele era uma pessoa muito calada em relação a si mesmo. Só eu e meu irmão mais velho é que cutucávamos ele sobre o período. Mas, com certeza foi um período intenso na sua vida.

Jovem adulto e antes das obrigações do matrimônio. Serviu no tiro de guerra do 3° Regimento de Infantaria da Praia Vermelha, frequentava a vida social do Tijuca Tênis Clube,  fazia excursões, como a subida ao Pico da Tijuca, participou do movimento integralista de 1934 a 1938, concluiu o curso de graduação em ciências contábeis na Cândido Mendes, e passou no concurso para oficial complementar do Exército, convocação interrompida pelo golpe de 1937, mas logo depois arrumando colocação no IAPC (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários). D Dedicou sua vida profissional a contabilidade e a previdência social, até parar definitivamente de trabalhar em 1990, na posição de Interventor Federal na caixa de previdência da Caixa Econômica Federal. 

2) Seu avô Sr. Miguel Antonio Luiz Filho, como muitos outros jovens do período fez parte da Acção Integralista Brasileira, por qual motivo o senhor acredita que seu avô fez parte desse movimento social - politico? 

Acredito que ele tenha feito parte do movimento Integralista, primeiro por ter sido a vida toda anti-comunista, e quando jovem, nacionalista. Segundo um bem possível apoio do pai português e conservador, e que provavelmente fez muito gosto que seu filho, nascido no Brasil, participasse de um movimento nativista, reafirmando sua fidelidade a nova pátria. 

3) A Acção Integralista Brasileira fundou diversos núcleos pelo país, seu avô fez parte do núcleo da Tijuca, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, como se dava a participação dele no núcleo? O senhor poderia contar alguma história lembrada e perpetuada pela sua família?
Bem, me arrependo de não ter "cavado" mais sobre o tema com ele. Como eu disse, era preciso cutucar para que ele "soltasse a língua". Mas, ficava difícil pela zoação do meu irmão mais velho e meu tio mais novo, democratóides, que tachavam o Integralismo de neonazismo. 

A participação dele no núcleo foi junto com seu irmão mais novo Valmir e seu futuro cunhado Rossini. Tio Valnir não era muito convicto, e saiu depois de uma confusão que aconteceu no núcleo de Vila Isabel. Tio Rossini, dizem, chegou a participar da Câmara dos 400. Pode ser que Rossini tenha puxado Miguel, que puxou Valnir para o movimento. De qualquer forma, pelo seu relato, ele teve uma participação atuante e dedicada. Dava cursos doutrinários, foi nomeado coordenador dos economistas, contadores e guarda-livros, da Tijuca. Sua fidelidade chegou ao ponto de fazer com ele estivesse com seu grupo, de prontidão, na madrugada de 11 de maio de 1938 esperando ordens para a ação. Chegando de manhã, as ordens não vindo, ele dispersou o grupo. 

Minha família, contemporânea da época, não gostava de lembrar muito dessa fase. 

4) Muitos camisas-verdes após o fechamento da Acção Integralista Brasileira preferiram deixar a militância de lado e se dedicaram a vida profissional e familiar, seu avô foi uma dessas pessoas? Grande parte desses militantes sofreram implacáveis perseguições, prisões e até mesmo tortura. Por qual motivo o senhor acredita que ele abandonou a vida politica? 

Ele não sofreu perseguições de forma implacável, ou violente. Ele era uma pessoa muito prática e dentro da legalidade. Foi absorvido facilmente pela nova ordem getuliana. Tinha admiração por Dom Helder Câmara, apesar de não ter sido religioso) e Miguel Reale. Por Plínio Salgado, lembrava com uma certa indiferença e ironia. Infelizmente nunca aprofundei o porque dessa decapo. Do Gustavo Barroso, falava com mais entusiasmo. Ele sem foi um civil admirador do Exército e dos militares. Gostava muito do seu cunhado que chegou a General. E por ele o regime militar nunca teria acabado. 

Realmente, quando a AIB entrou na clandestinidade, ele casou, dedicou-se ao trabalho a carreira, a esposa e aos filhos, um verdadeiro Integralista. No entanto, dizia-se camisa-verde arrependido. Talvez um discurso construído ao longo das décadas, para que não prejudicasse sua carreira. O Exército, parece que não gostava muito do Integralismo. Quanto ao Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) para ele foi um total desinteresse. não quis saber mesmo. 

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil, em especial do Integralismo? 

São uns heróis, pois em um mundo atual, de futilidades, de mentira e mais mentiras ditos pela mídia. Onde o mais honesto e maior movimento político da história ocidental, é tratado como se fosse meia dúzia de baderneiros e mau-caráter, que foram um nada. Hajam com idealismo, mas não esqueçam que em primeiro lugar vem a família e o trabalho, fazendo isso também poderão ser úteis ao Brasil. 

Caso procurem o Integralismo, não por idealismo, mas interesse acadêmico,dizer um milhão de obrigados pelo interesse, mas que por favor, na medida do possível, e burlando o sórdido patrulhamento ideológico da esquerda carcomida, sejam o mais honestos possíveis com a história deste admirável movimento político. 


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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevistas XIII - Sr. Murilo Cesar Luiz Alves: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/ficha-tecnica-nome-murilo-cesar-luiz.html);

Entrevista XII: Sr. Marco Antonio Rattes Nunes: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/serie-entrevistas-xii-sr-marco-antonio.html);

Entrevista XI: Sra. Ana Carolina Monteiro Porto de Oliveira (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/11/serie-entrevistas-xiii-sra-ana-carolina.html);

Entrevista X: Sr. Jeronimo de Araujo (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/10/serie-entrevistas-xii-sr-jeronimo-de.html);

Entrevista IX Sra. Lieden Maria de Oliveira Carvalho (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/07/ssss.html);








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