quarta-feira, 7 de maio de 2014

"Série Entrevista XVII: Gustavo Luz Barreto"

Ficha técnica
Nome: Gustavo Luz Barreto.
Filiação: Armando José Barros Barreto e Angela Maria Oliveira Luz Barreto.
Estado: Distrito Federal - DF.
Data de nascimento: 13 de fevereiro de 1978.
Profissão: Empresario.

Entrevista realizada no mês de março de 2014 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o neto do veterano do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) Dr. Ivan Luz. 

1) Prezado Gustavo Luz Barreto, como foi seu primeiro contato com as idéias defendidas pelo poeta, escritor e político Plínio Salgado? 

Meu avô tinha uma pequena biblioteca que estava toda guardada numa abandonada casa de caseiro no terreno onde ele morava em Brasília. Ali, vizinhos a ele, morou também o Abel Rafael e, num outro terreno ao lado, morou Plínio Salgado por muitos anos até a sua ida definitiva para São Paulo.

Eu tinha um projeto para criar uma associação de criadores de minhoca, onde discutia muito com meu avô sobre a história das cooperativas no Brasil. Ele sempre recordava, quando falávamos sobre o espirito das organizações em forma de cooperativas e associações, dizia que esse era o projeto que "eles" sempre imaginaram para o Brasil. Para mim era tudo muito distante. Quem eram "eles" e de que projeto longínquo era esse no qual ele valava. Eu tinha uns 17 anos de idade, e apesar de ter boas ideias e intenções, vivia na típica vagabundagem da medíocre juventude da classe média brasileira.

Havia a dificuldade de ter acesso aos livros pois, ao final e ao cabo, a pequena casinha acabou se tornando um grande depósito de moveis velhos e outra traquinanas que tornavam impossível a entrada ao local e, acima de tudo, os livros estavam cheios de traças e poeira. Já era o fracasso de um primeiro projeto levado a cabo por um tio meu para recuperar os livros e documentos, pois ninguém respeitava aquele espaço que deveria ser um espaço sagrado da família. Depois vim aprender que em, regra, os familiares daqueles que de alguma forma participaram ativamente dos rumos da história, não dão a devida importância a "pedaços de papéis velhos e desgastados" pelo tempo.

Num certo dia, quando eu trabalhava num instituto, onde tentava implementar os projetos de minhocultura, conheci o Prof. Paulo Fernando, que é um grande admirador do Plínio Salgado. Foi daí que eu de fato me adentrei na pequena biblioteca e comecei a ler os livros do Plínio Salgado. Posteriormente renovei toda a biblioteca. O "Velho" ficou numa alegria só, finalmente pode ter acesso aos seus livros novamente. Daí, então, passamos a fazer a restauração de algumas das melhores obras que lá se encontravam. Para mim, também, foi um período de muita alegria da minha juventude. 

2) Seu avô foi Deputado Federal pelo Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965), como é tratada a memória referente ao período em sua família? 

Ninguém da família seguiu na política. Alguns apenas um pouco mais engajados nas questões da política nacional, mas sem nenhuma pretensão de carreira política. Podemos dizer que ele mesmo não era um política, ao menos não no termo como hoje conhecemos. Mas era sim um homem público, constantemente preocupado com os rumos da Nação. 

Em relação ao período de Londrina, os fatos políticos eram sempre lembrados com muita alegria por conta de toda a movimentação que se dava com as eleições, com os discursos pelo interior do Estado do Paraná, pela vindas do "Chefe", pelas brigas compradas contra os comunistas e a burguesia liberal. No final, devido a precariedade dos recursos financeiros e materiais, e claro, também pelo espirito familiar que ele sempre prezou muito, todos da família se engajam no processo.

Do período da revolução de 1964, já com todos morando em Brasilia, as lembranças são mais tensas. havia ameaças de morte, movimentações de Generais, etc. O filho mais velho, com 16, 17 anos de idade era o seu secretário e motorista. As era trabalho voluntário. Na época, deputado só tinha assistência para datilografia, que era uma sala comum onde todos iam entregar os seus discursos.

A perda para o segundo mandato era sempre lembrada com uma certa tristeza, pois se deu por conta de uma série de traições, incluso com a do Bispo local. Depois disso, ele nunca mais voltou a colocar os pés em Londrina e nunca mais participou da disputa de qualquer cargo eletivo. 

3) O senhor chegou a ouvir algumas histórias referentes ao Partido de Representação Popular? Poderia nos contar alguma? Como, por exemplo, o relacionamento do seu avô com o Presidente Nacional do partido Plínio Salgado?

O velho sempre foi muito discreto. O velho sempre foi muito discreto quando se tratava de falar das outras pessoas e das suas relações com elas, havia sempre um ar misterioso, e em relação ao Plínio, era para mim particularmente ainda mais misterioso. Nunca soube se absolutamente nada da vida privada do Plínio Salgado através dele.Eu tinha até mesmo um poder em fazer perguntas, pois iria parecer que eu tava com curiosidade fúteis. Mas ele sempre se referi ao Plínio com muito respeito e gratidão e, invariavelmente, o chamava de "Chefe". Assim, de memória, me lembro dele falando que esteve com o Plínio em seu apartamento em Brasília na noite anterior do discurso sobre a Batalha do Riachuelo na Câmera dos Deputados. Disse que Plínio preparou todo aquele discurso andando de um lado para outro, andando noite a dentro pelo corredor do apartamento.

Quando jovem e preso pela polícia do Getúlio, teria ficado na mesma delegacia em que prenderam Gustavo Barroso. Disse que testemunhou uma cuspida que o delegado deu no rosto do Gustavo, e que com muita hombridade o Gustavo Barroso apenas limpou o rosto com a mão. 

Existe uma história interessante que não sei o quão é conhecida entre os Integralistas. Se trata da renuncia de Jânio Quadros. Quando o Jânio renunciou, meu avô recebeu um telefonema de um eletricista que trabalha no Palácio da Alvorada. Era um eletricista Integralista. O mesmo tinha tentado entrar em contato com Plínio Salgado mas, não conseguindo, acabou achando meu avô. O mesmo então relatou que o Jânio tinha saído mas que havia deixado todos os seus pertences no Palácio, o que evidenciou que tudo aquilo não passava de uma grande encenação na qual ele tinha a certeza de que, ovacionado pelo povo, iria voltar triunfante à Presidência da República. A carte de renuncia iria se votada pelo Congresso no dia seguinte, foi quando o Plínio, sabendo do caso, foi falar com o Presidente do Congresso, o Deputado Mazzilli, ao qual inesperadamente, para muitos, adiantou a votação e assumiu a presidência interinamente. 

4) Infelizmente muito da memória do partido se perdeu com o tempo, fotos, livros, vídeos e discursos são difíceis de encontrar, alguns veteranos dizem que por medo de novas perseguições contra o Integralismo, muito foi destruído. Seu avô chegou a comentar algo sobre isso? 

Na verdade não, nunca tratei desse assunto com ele.

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil?

Que estes não olhem somente para o passado. Muito da luta do Plínio Salgado, ao menos no seu essencial, mas com as realidades atuais, ou seja, com o avenço do processo revolucionário denunciado pelos Integralistas é, hoje, levado a cabo por homens como Dom Williamson, Bispo Tradicionalista. Levantar a bandeira Deus, Pátria e Família é uma grande guerra, primeiro interior e pessoal. Sequer temos as virtudes que tiveram nossos antepassados, pois estamos todos corrompidos por esse mundo liberal. Deus, já não é mais uma pessoa ao qual devemos obediência e nas quais aceitamos as suas verdades reveladas. O "Cristo" de Papa Francisco não é o mesmo Cristo do Papa PIO IX, tantas vezes aludido por Plínio em seus livros, nem de todos os papas que precederam o Concílio Vaticano II. Quanto a família, já não basta lutar por ela no âmbito político, ali já praticamente perdemos essa luta, nos restando apenas tentar defender aspectos pontuais. O que nos cabe de fato é lutar pela criação e manutenção das nossas própria famílias, luta essa que já é grande suficiente caso queiramos mante-las católicas como de fato era concepção da família Integralista. Quanto a Pátria nos resta apenas clamar pelo Reinado Social de Nossos Senhor Jesus Cristo, e o que somente será possível com a completa rejeição a "Igreja Conciliar" e a total e completa obediência ao Magistério de sempre.  

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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XVI - Antônio Reis Villalobos: (
http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/03/serie-entrevistas-xvi-antonio-reis.html)




Entrevista XIV - Sra. Maria Alice Nardelli Pinto: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/01/fichatecnica-nomemaria-alice-nardelli.html)


Entrevista XIII - Sr. Murilo Cesar Luiz Alves: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/ficha-tecnica-nome-murilo-cesar-luiz.html);


Entrevista XII: Sr. Marco Antonio Rattes Nunes: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/serie-entrevistas-xii-sr-marco-antonio.html)


Entrevista XI: Sra. Ana Carolina Monteiro Porto de Oliveira (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/11/serie-entrevistas-xiii-sra-ana-carolina.html)


Entrevista X: Sr. Jeronimo de Araujo (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/10/serie-entrevistas-xii-sr-jeronimo-de.html)


Entrevista IX Sra. Lieden Maria de Oliveira Carvalho (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/07/ssss.html)


Entrevista  IIIV Sr. Jenyberto Pizzotti  (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/06/ficha-tecnica-nome-jenyberto-pizzotti.html)


Entrevista IIV Sra. Maria Novaes (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/06/serie-entrevistas-ix-sra-maria-novaes.html)


Entrevista IV Sra. Leda Maria (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/01/serie-entrevistas-viii-sra-leda-maria.html)


Entrevista V Sra. Cristina Fontana (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2012/12/serie-entrevistas-vii-sra-cristina_2.html)


Entrevista IV Sr. Cezar Augusto (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2011/03/serie-entrevistas-v-sr-cezar-augusto.html)


Entrevista III Sr. Rufino Levi  (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2011/03/serie-entrevistas-iii-sr-rufino-levi-de.html)


Entrevista II Sr. Antonio de Pádua Franco Ramos (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2011/03/serie-entrevistas-ii-sr-antonio-de.html)


Entrevista I Sr. Antonio Gondim (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2011/02/serie-entrevistas-sr-antonio-gondim.html)


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