História do Partido de Representação Popular.: maio 2014

segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Série Entrevista XIX: Emanuel Pedro Tauyr"

Ficha Técnica

Nome: Emanuel Pedro Tauyr.

Filiação: Raul Francisco Tauyr e Conceição Tauyr.

Estado: São José do Rio Preto - SP.

Profissão: Médico, Bacharel em Direito e Jornalista

Entrevista realizada no mês de maio de 2014 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o filho do Veterano da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) e do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) Sr. Raul Francisco Tauyr.

1) Sr. Emanuel Pedro Tauyr, quais são as primeiras lembranças do senhor referente ao seu pai? O senhor poderia contar como a memória do veterano é tratada na sua família?

Lembro meu pai fazendo um discurso em praça pública, nas igrejas, na Câmara de Vereadores. Ele conhecia profundamente o evangelho e a doutrina Integralista. A pregação cívica era sua marca. Tinha o costume de chamar as pessoas de "irmão". Ele não tinha apego as coisas materiais, haja vista que faleceu e deixou apenas uma pequena casa onde morava.

2) Seu pai, como muitos outros jovens do período fez parte da Acção Integralista Brasileira e posteriormente do Partido de Representação Popular, por qual motivo o senhor acredita que ele fez parte desse movimento social-político?

Pela grandeza espiritual e moral que o Integralismo defendia.

3) As perseguições politicas, sociais ou profissionais eram algo comum praticado pelo Estado Novo (1937-1945). Infelizmente muitos Integralistas e seus familiares passaram por esse processo, houve algum caso deste tipo referente ao seu pai ou familiares? Poderia falar um pouco sobre?

Não tenho notícias destas referentes ao meu pai, mas dos companheiros Integralistas como o caso do Sr. Melik Mussi, descendente de libaneses, que foi preso e torturado numa cela pequena e com água gelada gotejando na sua cabeça por varias semanas.

4) Durante a existência do Partido de Representação Popular, seu pai foi Vereador pelo partido populista, durante três mandatos, poderia nos contar sobre essa trajetória política? O mesmo chegou a conhecer Plínio Salgado? Possui alguma amizade? Como era esse relacionamento?

Sim, meu pai foi vereador por três legislaturas. Foi candidato a Deputado Estadual também. Era sempre eleito com expressiva votação. Foi secretário da Câmara de Vereadores por oito anos.

O Plínio Salgado quando vinha a Rio Preto, visitava a nossa casa. Ficava hospedado na casa do Hélio Pellegrini. Plínio Salgado era muito simples, amabilíssimo e cordial. A sua bebida preferida era o cognaque. Dona Carmela Patti Salgado, esposa do Plínio tinha parentes aqui. Ela era de Taquaritinga perto daqui.

5) O Integralismo em São José do Rio Preto teve forte presença, em grande parte por seus familiares. O senhor poderia contar um pouco mais sobre a história do Sigma nesta cidade?

Sim. Meu pai pregava o Integralismo diuturnamente. Politicamente o Integralismo em Rio Preto sempre se fez representar lançando candidatos, conferências, o Centro Cultural Farias Brito, com seu núcleo de associados era bastante ativo. Meu pai fundou a Associação Brasileira de Cultura, dedicada aos jovens onde difundia e discutia o Código de Ética do Estudante, de Plínio Salgado.

6) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil, em especial do Integralismo?

Eu peço para os jovens estudarem o Integralismo fora do curso de história que é ensinado nas escolas. Geralmente os professores de história sabem muito pouco sobre o Integralismo. Quando falam alguma coisa, falam errado.

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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XVIII: Luís Felipe Adame Silva: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/05/serie-entrevistas-xviii-luis-felipe.html);

Entrevista XVII - Gustavo Luz Barreto: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/05/serie-entrevistas-xvii-gustavo-luz.html);

Entrevista XVI - Antônio Reis Villalobos: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/03/serie-entrevistas-xvi-antonio-reis.html);

Entrevista XV - Sr. Marco Clarke: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/01/ficha-tecnica-nome-marco-clarke-estado.html);

quarta-feira, 21 de maio de 2014

"As relações entre a Frente Negra Brasileira e a Acção Integralista Brasileira"

A Revista de História da Biblioteca Nacional, no mês de janeiro de 2014, publicou um interessante artigo de autoria do Prof. Amilcar Araújo Pereira, intitulado "Resistência também dentro da escola", sobre a Frente Negra Brasileira é sua trajetória de lutas e participações sociais em uma país no qual não se valoriza a história e memória de uma população que compõe mais da metade da população brasileira.

A participação deste movimento social-politico, fundado em 1931, antes do surgimento da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937), sempre me causou curiosidade, justamente por integrantes desta primeira legenda terem imigrado para o Integralismo posteriormente. Na tentativa de lucidar duvidas é levantar o debate sobre a relação de ambos os movimentos enviei uma carta para a Revista de História da Biblioteca Nacional, sendo respondida na edição de maio de 2014, na qual exponho abaixo:

Para maiores informações sobre o artigo sobre a Frente Negra Brasileira, que motivou esta postagem, acessem o site: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/resistencia-tambem-dentro-da-escola

Artigo sobre Abdias do Nascimento: http://premioabdiasnascimento.org.br/w/quem-foi-adbias-nascimento

segunda-feira, 19 de maio de 2014

"Catecismo Integralista, explicando o que é o Integralismo"

O que é o Integralismo? Esta é uma pergunta que o Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira, Plínio Salgado, já tentou responder em 1933, com a edição do livro, de sua autoria, com o nome do questionamento. Obra destinada ao homem modesto, inquieto com a dicotomia política social vigente, teve diversas edições ao longo dos anos, porém não foi capaz de responder a pergunta em sua plenitude.

Na tentativa de ser mais direto na resposta, diversos jornais editados pelo movimento Integralista, ao longo dos anos, possuíram colunas destinadas a responder, de forma didática, esta e outras dúvidas sobre a história e doutrina do Sigma, algumas até mesmo buscando o humor para chamar a atenção do leitor. Este foi o caso do jornal A Razão, editado pela Província de Minas Gerais, através do Núcleo Integralista de Pouso Alegre, tendo em sua direção o camisa-verde João Queiroz.

Na primeira e segunda imagem aspectos da coluna assinada por Tapúia, sobre o Catecismo Integralista 3° lição, explicando o que é o Integralismo. Esta coluna era publicada no jornal A Razão, sendo esta do dia 17 de dezembro de 1936, p.2-3.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

"Divulgando o Integralismo através dos cigarros"

As colaborações enviadas pelos leitores são um incentivo gratificante que me faz continuar as pesquisas e as postagens neste blog. Recentemente o pesquisador e colecionador Sr. Marcos Abdalla enviou a imagem de um curioso item dos anos 1930 relacionado a Acção Integralista Brasileira - AIB (1932- 1937), trata-se da embalagem de dois cigarros das marcas "Sigma" e "Camisa-verdes", ambos eram divulgados nos principais jornais do movimento, entre eles "A Offensiva".

Acima imagem do cigarro Camisas-verdes, fabricação especial da industria Da Costa e Brito, contando 20 cigarros (Arquivo: Marcos Abdalla).

Acima imagem do cigarro "Sigma", fabricação da industria Fumos Veado, contando 20 cigarros (Arquivo: Marcos Abdalla).

A Acção Integralista Brasileira inovou de forma considerável as propagandas políticas pelo país, esta revolução trazida pelo movimento do Sigma até hoje pode ser encontrada na mídia especializada nas candidaturas políticas, mesmo no momento atual, com o enrijecimento da legislação referente ao tema, pode-se afirmar que ao lançar cigarros, balas, bonecos e até mesmo pasta dentaria o Integralismo trouxe aspectos únicos ao embate eleitoral.

Aspecto da propaganda dos cigarros "Camisas Verdes", publicada no jornal A Offensiva, n° 73, este tipo de divulgação era muito comum nos periódicos Integralistas.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

"Série Entrevista XVIII: Luís Felipe Adame Silva"

Ficha técnica

Nome: Luís Felipe Adame Silva.

Filiação: Marcos Antonio da Silva e Flávia Adame de Carvalho.

Estado: Minas Gerais - MG.

Data de Nascimento: 09/06/1997.

Profissão: Padeiro.

Entrevista realizada no mês de maio de 2014 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o bisneto do Veterano da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) e do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) Sr. Nereu Gomes de Carvalho.

1) Sr. Luís Felipe Adame Silva, quais são as primeiras lembranças do senhor referente ao seu bisavô? O senhor poderia contar como a memória do veterano é tratada na sua família?

Meu bisavô, era um homem rígido, disciplinado, católico e muito trabalhos. Um grande admirador de Plínio Salgado, batizando um de seus filhos com o nome do eterno Chefe Nacional. Também tinha pouca paciência com simpatizantes das doutrinas vermelhas, chegando a agredir-los fisicamente e denunciando as autoridades do regime militar. Foi responsável por várias prisões acontecidas no município. Poucos na família gostam de lembrar que ele fora um dia Integralista. O chamam de fascista quando se lembram.

2) Seu bisavô, como muitos outros jovens do período fez parte da Acção Integralista Brasileira e posteriormente do Partido de Representação Popular, por qual motivo o senhor acredita que o Sr. Nereu Gomes fez parte desse movimento social-político?

Ele era acima de tudo nacionalista, defensor da família e da cultura brasileira, repudiava tanto o comunismo quanto o capitalismo. Ele viu no Integralismo a oportunidade de salvar o brasil mergulhando profundamente nos ideais ditados pelo grande Chefe Nacional.

3) Infelizmente muitos familiares preferem esquecer seus parentes que fizeram parte das fileiras do Sigma, em muitos casos os motivos são decorrentes das perseguições políticas e profissionais exercida pelos seus opositores. O senhor sabe de alguma história sobre esse tipo de situação envolvendo seu bisavô?

Não ocorreu estes tipos de episódios com ele, meu bisavô era um homem muito respeitado na nossa cidade. Mesmo sabendo que havia perseguições contra os Integralistas, jamais escondeu que era um, matinha sempre em seu peito um pingente do Sigma. Além de quando podia bradava orgulhosamente a saudação Integralista.

4) Durante sua militância política seu bisavô acumulou vasto material referente ao Integralismo, tendo inclusive uma vasta biblioteca sobre o assunto. O senhor poderia falar um pouco desse acervo? Como ele era tratado pelos herdeiros?

Sim, meu bisavô detinha um grande acervo de livros, todos os exemplares dos jornais Integralistas, muitos dos livros autografados. Ele conheceu o Chefe Nacional várias vezes. Uma vez em 1955 ele esteve em nossa cidade e meu bisavô levou seu filho, recém nascido, de nome Plínio, para que o eterno Chefe desse sua benção ao filho dele, meu Tio. Ele também tinha o uniforme Integralista, além de sua carteira de filiação ao Partido Integralista também autografada. Quando ele morreu a maioria do seu acervo foi perdido, a maioria jogada fora por seus filhos, meu avô Pedro da Silva Carvalho, conseguiu salvar algumas peças mais foi muito pouco do que tinha antes.

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil, em especial do Integralismo?

Que continuem pesquisando, pois o Integralismo é o verdadeiro nacionalismo brasileiro, tens vários grupos que se dizem nacionalista, mas não existe nacionalismo fora do Integralismo. Também peço que busquem informações em sites confiáveis, como o Portal Nacional da Frente Integralista Brasileira, o próprio blog da História do Partido de Representação Popular, entre outros, pois a diversos sites que espalham mentiras sobre esta maravilhosa doutrina, difamam e nos colocam como os vilões da história, quando na verdade somos apenas os bons samaritanos que ainda sonham em transformar o Brasil em uma grande nação, mas não por meio da força, por meio da disseminação das nossas ideias que são os mais puros e sinceros. Somos os soldados do Sigma, cultos de cérebro e grandes de alma, alguém de também sermos a revolução em marcha. Porém a revolução com ideias. Por isso franca, leal e corajosa. Para isso, combateremos os irônicos, os desiludidos, os descrentes, porque nesta hora juramos não descansar um instante, quanto não morremos ou vencermos, porque conosco morra ou vencerá uma Pátria.

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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XVI - Antônio Reis Villalobos: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/03/serie-entrevistas-xvi-antonio-reis.html);

Entrevista XV - Sr. Marco Clarke: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/01/ficha-tecnica-nome-marco-clarke-estado.html);

terça-feira, 13 de maio de 2014

"D. Carmela P. Salgado e a divulgação da história e doutrina Integralista"

Após o falecimento de Plínio Salgado, em 1975, sua esposa, D. Carmela P. Salgado, foi uma das principais pessoas responsáveis por não deixam a obra de seu marido no ostracismo, arregimentando antigas lideranças do movimento, veteranos de diferentes momentos da história do Sigma, para continuar o trabalho do líder máximo do Integralismo.

Algumas iniciativas tomaram corpo, as principais foram a criação da Cruzada de Renovação Nacional e a Associação Brasileira de Cultura, além de homenagens a logradouros públicos com o nome de Plínio Salgado, como Rio Claro - SP, Friburgo - RJ e Minas Gerais - RJ. A viuvá de Salgado mantinha uma extensa rede de contatos com simpatizantes e veteranos, responsáveis por ajudá-la neste projeto, abaixo uma das diferentes cartas enviadas por D. Carmela, após o falecimento de seu companheiro.

Acima imagem do cartão de natal escrito por D. Carmela P. Salgado ao Sr. Marco Daniele Clarke: "Agradecendo a sua mensagem natalina, agradeço e retribuo seus votos, desejando-lhe felicidades temporais e espirituais no correr de 1981" (Fonte: Arquivo Pessoal Marco Daniele Clarke).

sexta-feira, 9 de maio de 2014

"Homenagem aos 76 anos dos heróis-mártires do 11 de maio de 1938"

No dia 11 de maio de 2014 completa 76 anos do levante Integralista, único levante armado contra a ditadura instaurada pela decretação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Novamente, como é de costume todos os anos, se realiza as homenagens aos que tombaram pela defesa da liberdade do país no Mausoléu Integralista, presente no Cemitério do Caju - RJ, porém esse fato histórico ainda se contra obscuro, existindo poucas pesquisas sobre o tema e seus protagonistas.

Uma das muitas figuras que participaram das ações e na sua organização foi Dr. Belmiro Valverde. Figura emblemática, de grande importância para a Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) foi preso e condenado a 15 anos de prisão pelo famigerado Tribunal de Segurança Nacional - TSN, braço legal do Estado Novo. Ao contrário de muitos outros camisas-verdes que foram presos, Valverde protagonizou logo após a sua prisão uma fuga espetacular da Delegacia, noticiada pelo Jornal do Brasil, em 15 de outubro de 1938, arregimentando grande parte da polícia no Estado para sua recaptura.

Reportagem vinculada no Jornal do Brasil, dia 15 de outubro de 1938, página 11, na qual retrata a fuga do Dr. Belmiro Valverde da Delegacia de Policia, no Rio de Janeiro (Fonte: Jornal do Brasil).

Chegou ao meu conhecimento que o neto do Dr.Belmiro Valverde, o Prof. Dr. Belmiro Valverde Jobim Castor, faleceu aos 71 anos, no dia 10 de março de 2014. Figura conceituada na administração pública Paraná - PR, querido por seus alunos, faleceu de um mal súbito no coração. Há alguns anos troquei algumas mensagens com o professor sobre seu avô e o Integralismo, sempre se referindo a ambos com muito carinho. Aos familiares meus votos de pesar e sentidas condolências pela perda.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

"Série Entrevista XVII: Gustavo Luz Barreto"

Ficha técnica

Nome: Gustavo Luz Barreto.

Filiação: Armando José Barros Barreto e Angela Maria Oliveira Luz Barreto.

Estado: Distrito Federal - DF.

Data de nascimento: 13 de fevereiro de 1978.

Profissão: Empresario.

Entrevista realizada no mês de março de 2014 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o neto do veterano do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) Dr. Ivan Luz.

1) Prezado Gustavo Luz Barreto, como foi seu primeiro contato com as idéias defendidas pelo poeta, escritor e político Plínio Salgado?

Meu avô tinha uma pequena biblioteca que estava toda guardada numa abandonada casa de caseiro no terreno onde ele morava em Brasília. Ali, vizinhos a ele, morou também o Abel Rafael e, num outro terreno ao lado, morou Plínio Salgado por muitos anos até a sua ida definitiva para São Paulo.

Eu tinha um projeto para criar uma associação de criadores de minhoca, onde discutia muito com meu avô sobre a história das cooperativas no Brasil. Ele sempre recordava, quando falávamos sobre o espirito das organizações em forma de cooperativas e associações, dizia que esse era o projeto que "eles" sempre imaginaram para o Brasil. Para mim era tudo muito distante. Quem eram "eles" e de que projeto longínquo era esse no qual ele valava. Eu tinha uns 17 anos de idade, e apesar de ter boas ideias e intenções, vivia na típica vagabundagem da medíocre juventude da classe média brasileira.

Havia a dificuldade de ter acesso aos livros pois, ao final e ao cabo, a pequena casinha acabou se tornando um grande depósito de moveis velhos e outra traquinanas que tornavam impossível a entrada ao local e, acima de tudo, os livros estavam cheios de traças e poeira. Já era o fracasso de um primeiro projeto levado a cabo por um tio meu para recuperar os livros e documentos, pois ninguém respeitava aquele espaço que deveria ser um espaço sagrado da família. Depois vim aprender que em, regra, os familiares daqueles que de alguma forma participaram ativamente dos rumos da história, não dão a devida importância a "pedaços de papéis velhos e desgastados" pelo tempo.

Num certo dia, quando eu trabalhava num instituto, onde tentava implementar os projetos de minhocultura, conheci o Prof. Paulo Fernando, que é um grande admirador do Plínio Salgado. Foi daí que eu de fato me adentrei na pequena biblioteca e comecei a ler os livros do Plínio Salgado. Posteriormente renovei toda a biblioteca. O "Velho" ficou numa alegria só, finalmente pode ter acesso aos seus livros novamente. Daí, então, passamos a fazer a restauração de algumas das melhores obras que lá se encontravam. Para mim, também, foi um período de muita alegria da minha juventude.

2) Seu avô foi Deputado Federal pelo Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965), como é tratada a memória referente ao período em sua família?

Ninguém da família seguiu na política. Alguns apenas um pouco mais engajados nas questões da política nacional, mas sem nenhuma pretensão de carreira política. Podemos dizer que ele mesmo não era um política, ao menos não no termo como hoje conhecemos. Mas era sim um homem público, constantemente preocupado com os rumos da Nação.

Em relação ao período de Londrina, os fatos políticos eram sempre lembrados com muita alegria por conta de toda a movimentação que se dava com as eleições, com os discursos pelo interior do Estado do Paraná, pela vindas do "Chefe", pelas brigas compradas contra os comunistas e a burguesia liberal. No final, devido a precariedade dos recursos financeiros e materiais, e claro, também pelo espirito familiar que ele sempre prezou muito, todos da família se engajam no processo.

Do período da revolução de 1964, já com todos morando em Brasilia, as lembranças são mais tensas. havia ameaças de morte, movimentações de Generais, etc. O filho mais velho, com 16, 17 anos de idade era o seu secretário e motorista. As era trabalho voluntário. Na época, deputado só tinha assistência para datilografia, que era uma sala comum onde todos iam entregar os seus discursos.

A perda para o segundo mandato era sempre lembrada com uma certa tristeza, pois se deu por conta de uma série de traições, incluso com a do Bispo local. Depois disso, ele nunca mais voltou a colocar os pés em Londrina e nunca mais participou da disputa de qualquer cargo eletivo.

3) O senhor chegou a ouvir algumas histórias referentes ao Partido de Representação Popular? Poderia nos contar alguma? Como, por exemplo, o relacionamento do seu avô com o Presidente Nacional do partido Plínio Salgado?

O velho sempre foi muito discreto. O velho sempre foi muito discreto quando se tratava de falar das outras pessoas e das suas relações com elas, havia sempre um ar misterioso, e em relação ao Plínio, era para mim particularmente ainda mais misterioso. Nunca soube se absolutamente nada da vida privada do Plínio Salgado através dele.Eu tinha até mesmo um poder em fazer perguntas, pois iria parecer que eu tava com curiosidade fúteis. Mas ele sempre se referi ao Plínio com muito respeito e gratidão e, invariavelmente, o chamava de "Chefe". Assim, de memória, me lembro dele falando que esteve com o Plínio em seu apartamento em Brasília na noite anterior do discurso sobre a Batalha do Riachuelo na Câmera dos Deputados. Disse que Plínio preparou todo aquele discurso andando de um lado para outro, andando noite a dentro pelo corredor do apartamento.

Quando jovem e preso pela polícia do Getúlio, teria ficado na mesma delegacia em que prenderam Gustavo Barroso. Disse que testemunhou uma cuspida que o delegado deu no rosto do Gustavo, e que com muita hombridade o Gustavo Barroso apenas limpou o rosto com a mão.

Existe uma história interessante que não sei o quão é conhecida entre os Integralistas. Se trata da renuncia de Jânio Quadros. Quando o Jânio renunciou, meu avô recebeu um telefonema de um eletricista que trabalha no Palácio da Alvorada. Era um eletricista Integralista. O mesmo tinha tentado entrar em contato com Plínio Salgado mas, não conseguindo, acabou achando meu avô. O mesmo então relatou que o Jânio tinha saído mas que havia deixado todos os seus pertences no Palácio, o que evidenciou que tudo aquilo não passava de uma grande encenação na qual ele tinha a certeza de que, ovacionado pelo povo, iria voltar triunfante à Presidência da República. A carte de renuncia iria se votada pelo Congresso no dia seguinte, foi quando o Plínio, sabendo do caso, foi falar com o Presidente do Congresso, o Deputado Mazzilli, ao qual inesperadamente, para muitos, adiantou a votação e assumiu a presidência interinamente.

4) Infelizmente muito da memória do partido se perdeu com o tempo, fotos, livros, vídeos e discursos são difíceis de encontrar, alguns veteranos dizem que por medo de novas perseguições contra o Integralismo, muito foi destruído. Seu avô chegou a comentar algo sobre isso?

Na verdade não, nunca tratei desse assunto com ele.

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil?

Que estes não olhem somente para o passado. Muito da luta do Plínio Salgado, ao menos no seu essencial, mas com as realidades atuais, ou seja, com o avenço do processo revolucionário denunciado pelos Integralistas é, hoje, levado a cabo por homens como Dom Williamson, Bispo Tradicionalista. Levantar a bandeira Deus, Pátria e Família é uma grande guerra, primeiro interior e pessoal. Sequer temos as virtudes que tiveram nossos antepassados, pois estamos todos corrompidos por esse mundo liberal. Deus, já não é mais uma pessoa ao qual devemos obediência e nas quais aceitamos as suas verdades reveladas. O "Cristo" de Papa Francisco não é o mesmo Cristo do Papa PIO IX, tantas vezes aludido por Plínio em seus livros, nem de todos os papas que precederam o Concílio Vaticano II. Quanto a família, já não basta lutar por ela no âmbito político, ali já praticamente perdemos essa luta, nos restando apenas tentar defender aspectos pontuais. O que nos cabe de fato é lutar pela criação e manutenção das nossas própria famílias, luta essa que já é grande suficiente caso queiramos mante-las católicas como de fato era concepção da família Integralista. Quanto a Pátria nos resta apenas clamar pelo Reinado Social de Nossos Senhor Jesus Cristo, e o que somente será possível com a completa rejeição a "Igreja Conciliar" e a total e completa obediência ao Magistério de sempre.

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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XVI - Antônio Reis Villalobos: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/03/serie-entrevistas-xvi-antonio-reis.html)

Entrevista XV - Sr. Marco Clarke: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/01/ficha-tecnica-nome-marco-clarke-estado.html)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Exposição virtual do Arquivo Público do Estado de São Paulo expõe charges da Era Vargas"

As charges já foram motivos de algumas postagens no blog, através da interpretação bem humorada de artistas, visa comentar a atualidade provocando o leitor. Ao introduzir um debate diferenciado, o humor abre perspectivas únicas atraindo a atenção, sendo uma das formulas mais bem sucedidas para driblar a censura de regimes totalitários.

O Arquivo Público do Estado de São Paulo oferece uma exposição pedagógica virtual na qual apresenta o cotidiano da política de 1930 à 1937, através das caricaturas criadas pelo artista Belmonte, publicadas no jornal Folha da Noite, é possível entrar no clima das disputas sociais e politicas interpretadas por um dos seus principais personagens, Juca Pato, que marcou história nos jornais de todo o país.

Acima imagem da charge criado pelo artista Belmonte vinculada no jornal Folha da Noite, página 01, no dia 01 de maio de 1937 (Fonte: APESP). Para maiores informações sobre a exposição virtual, acesse: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_charges/index.php

sexta-feira, 2 de maio de 2014

"Cartaz desconhecido de Plínio Salgado resiste a ação do tempo"

Através do Facebook recebi a imagem de um cartaz desconhecido por mim de divulgação da campanha de Plínio Salgado. Infelizmente a propaganda não indica qual disputa eleitoral ela estava inserida, porém é possível dizer que seja entre os anos de 1955 ou 1958, quando o candidato indicou seu nome para as disputa Presidencial e para Câmara dos Deputados pelo Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965).

O estado físico do cartaz não é dos melhores, conforme o leitor poderá constatar, segundo o autor da postagem referente a imagem no Facebook "o cartaz encontra-se colado na porta do quarto que era do seu bisavô, este Integralista", mesmo que sua integralidade não seja das melhores ainda assim é uma importante peça histórica que resiste a ação do tempo, trazendo no seu texto um dos principais lemas do Partido Populista: "O Mesmo Chefe! A Mesma Luta! A Mesma Idéia!

Acima imagem do cartaz editado pelo Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965), com a imagem do seu presidente Plínio Salgado (Fonte: Júlia Entringer / Facebook).