Ficha técnica
Nome: Cristina Fontana
Estado: Rio de Janeiro – RJ
Profissão: Médica
Entrevista realizada no mês de novembro de 2012 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com a neta do veterano da Acção Integralista Brasileira – AIB (1932-1937) Sra. Cristina Fontana.
Registro fotográfico realizado durante reunião política na casa do veterano da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) Sr. Natal Elias dos Santos, em Campo Grande - RJ.
1) Sra. Cris Fontana, o que a senhora pode contar sobre seu avô Sr. Natal Elias dos Santos?
Meu avô se chamava Natal Elias dos Santos, nascido no Brasil, filho de imigrantes sírios com passaportes Turcos, fugidos da perseguição religiosa Turca aos Sírios. Seu nome em Árabe era Miled, acredito que eram cristãos, por seu nome ser Natal numa alusão à Cristo. Meu avô era um idealista, compartilhava as idéias conservadoras americanas, um adepto do self-made man, do it yourself, american way of life, e do make your day. Não à toa colocou em seu primeiro filho homem, meu pai, o nome de Calvin, em homenagem ao Presidente Norte Americano Calvin Coolidge. E tentava aplicar a seus filhos os ideais patrióticos e independentes norteamericanos e também o modo de viver do dia a dia do Norte Americano, do trabalho dignifica o homem. Sei que lia e colecionava as Seleções do Reader Digest.
2) Sra. Cris Fontana, o que a senhora pode contar sobre seu avô Sr. Natal Elias dos Santos e sua passagem pela Acção Integralista Brasileira – AIB (1932-1937)?
Estive na casa de meu pai, como te disse ele tem Alzheimer, e ele se lembra pouco do presente, mas tem uma memória de fatos do passado. Bom, vamos lá, ele puxou o assunto e eu perguntei a minha mãe também. Quando meu pai tinha 11 anos, meu avô Natal, militante da Acção Integralista Brasileira – AIB, chegou a ser preso, por causa de Integralismo. Meu pai vai fazer 84 anos agora, ou seja ele tinha pouco mais de dez anos, meu avô foi preso entre 1939 a 1940. A casa deles, em Nova Iguaçu – RJ, foi revirada pela policia de Getúlio Vargas. Eu lembrava de uma história de um livrinho ou caderno, que meu avô tinha, minha mãe disse que era um livrinho com o nome de todos os Integralistas e que com a revista da polícia o tal livrinho foi escondido dentro do pé de uma mesa da sala, não sei se esta mobília ainda existe, e se o tal livrinho está lá dentro. Minha mãe disse que eles tiveram que sair de Nova Iguaçu e fugiram para Pedra de Guaratiba - RJ, onde ficaram morando, sei que moraram também em Anchieta - RJ. Meu avô era muito amigo de Eurípedes Cardozo de Menezes, também Integralista, e era padrinho de meu irmão. Minha mãe disse que o Raul Boaventura, de Campo Grande- RJ, proprietário e fundador do Colégio Campo Grande também era integralista, amigo deles e fazia parte do grupo. Parece que conheciam Plínio Salgado, sendo meu avô bastante ativo na região sudeste.
Ocorriam muitas reuniões políticas na casa de meu avô Natal, ele era muito conhecido e querido em Campo Grande - RJ, quando faleceu em 1969, o comércio local deixou as portas semiabertas, em homenagem à ele, sendo inclusive enterrado com a camisa verde Integralista. Quando meu avô faleceu eu tinha apenas dois anos de idade. Lembro deste dia apenas, da tristeza dos meus tios e tias.
3) Por fim, qual a mensagem que a senhora deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a trajetória do movimento Integralista?
O conselho para os jovens é que sejam íntegros e verdadeiros, busquem a ética ocidental Judaico-Cristã em todos os momentos da vida. Citando o poeta português Fernando Pessoa: "Para ser grande, sê inteiro: nada. Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és. No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive". Viver os altos ideais da ética ocidental judaico-cristã e deixar esta luz brilhar em cada atitude dos pequenos atos diários.