Muitos acadêmicos contribuiram de diversas formas para o estudo do Integralismo, algumas contribuições benéficas, outras nem tanto, entre os principais estudiosos sobre o tema destaca-se a obra do cientista político, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRG, o Prof. Dr. Helgio Henrique Casses Trindade.
Membro da Academia Brasileira de Ciências, nascido no Município de Encruzilhada do Sul - RG, em 1939, distingue dos demais por ser um dos primeiros acadêmicos brasileiros, a elaborar um estudo cientifico sobre a Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937), publicado na década de 1970, fruto da tese de doutorado cursada na Universidade de Paris, enriquecida com mais de 150 entrevistas de antigos militantes do Sigma, intitulada "Integralismo", difundida pela editora Difusão Européia do Livro, com 388 páginas.
Atualmente é fácil encontrar a segunda edição do livro de Trindade, com imagens de documentos, gráficos e tabelas, porém criticas e entrevistas sobre o autor e sua obra são raras. Para os leitores do blog Populista que desconhecem esta importante contribuicção sobre a temática, divulgo a crítica literária escrita pelo jornalista Almyr Gajardoni, na revista Veja, n°297, em 15 de maio de 1974, página 117, com o título "Os anos Verdes", a qual transcrevo abaixo:
Integralismo, de Helgio Trindade; Digusão Européia do Livro, 388 páginas, 35 cruzeiros.
Para as novas gerações, Plinio Salgado é apenas uma figura caricata que aparece de quatro em quatro anos para recolher o magro produto do espólio eleitoral da Acção Integralista Brasileira. Mas, na década de 30, quando compôs a doutrina e o bizarro cerimonial de sua organização, lendo e, às vezes, copiando dos livros do fascismo já triunfante em outros países, Plinio Salgado chegou a parecer um "chefe" realmente assustador.
Sobre a experiência fascista brasileira pouco se escreveu e nada se pesquisou. Tanto que ao iniciar, em 1967, um curso de doutoramento na Universidade de Paris, sobre os anos 30 da Europa, o professor gaúcho Helgio Henrique Casses Trindade, 34 anos, teve a curiosidade de pesquisar o que acontecia no Brasil, na mesma época, e se surpreendeu com a penetração da AIB de Plinio Salgado, seus archotes fumegantes, camisas verdes, saudações de braço erguido e uma intensa movimentação por todo o país. A tese, enriquecida com os resultados de mais de 160 entrevístas pessoais que o autor manteve com antigos militantes da AIB, agora transforma-se em livro de inequívocas conclusões, entre as quais sobressai a certeza de que a doutrina integralista apoiou-se amplamente no fascismo europeu. No entanto, não se tratou de mero fenômeno de mimetismo ideológico, pois a adesão de importantes setores da população só seria possível com a existência de condições internas favoráveis. "Na realidade", afirma Trindade, "tais condições surgem durante a evolução histórica entre duas guerras mundiais pela conjugação dos conflitos econômicos, sociais e políticos com a crise ideológica das elites intelectuais."
Movimento de intelectuais - A pesquisa revela que em todos os níveis - nacional, regional e local - a direção da AIB, e da Sociedade de Estudos Políticos, que a precedeu, foi controlada pelos intelectuais da classe média, sendo mínima a participação dos grandes empresários.
Desta Maneira, nos seus arquivos aparecem, entre outros, nomes como os do historiador Gustavo Barroso, o jurista Miguel Reale, o atual governador do Estado do Rio, Raymundo Padilha, o ex-governador de São Paulo e agora senador Carvalho Pinto, o jurista, escritor e político Francisco San Thiago Dantas, os poetas Mennotti del Picchia e Cassiano Ricardo, o presidente da Sociedade Tradição, Família e Propriedade, Plinio Correia de Oliveira, ou o escritor e pensador católico Alceu de Amoroso Lima.
Houve quem recuasse, e até trocasse de trincheiras. Mas é possível que algumas daquelas idéias da mocidade circulem com alguns deles, ainda hoje, pelos salões da política brasileira. E talvez sejam necessários outros quarenta anos para que sua presença seja transformada em gráficos e tabelas, como no livro de Trindade.
Integralismo, de Helgio Trindade; Digusão Européia do Livro, 388 páginas, 35 cruzeiros.
Para as novas gerações, Plinio Salgado é apenas uma figura caricata que aparece de quatro em quatro anos para recolher o magro produto do espólio eleitoral da Acção Integralista Brasileira. Mas, na década de 30, quando compôs a doutrina e o bizarro cerimonial de sua organização, lendo e, às vezes, copiando dos livros do fascismo já triunfante em outros países, Plinio Salgado chegou a parecer um "chefe" realmente assustador.
Sobre a experiência fascista brasileira pouco se escreveu e nada se pesquisou. Tanto que ao iniciar, em 1967, um curso de doutoramento na Universidade de Paris, sobre os anos 30 da Europa, o professor gaúcho Helgio Henrique Casses Trindade, 34 anos, teve a curiosidade de pesquisar o que acontecia no Brasil, na mesma época, e se surpreendeu com a penetração da AIB de Plinio Salgado, seus archotes fumegantes, camisas verdes, saudações de braço erguido e uma intensa movimentação por todo o país. A tese, enriquecida com os resultados de mais de 160 entrevístas pessoais que o autor manteve com antigos militantes da AIB, agora transforma-se em livro de inequívocas conclusões, entre as quais sobressai a certeza de que a doutrina integralista apoiou-se amplamente no fascismo europeu. No entanto, não se tratou de mero fenômeno de mimetismo ideológico, pois a adesão de importantes setores da população só seria possível com a existência de condições internas favoráveis. "Na realidade", afirma Trindade, "tais condições surgem durante a evolução histórica entre duas guerras mundiais pela conjugação dos conflitos econômicos, sociais e políticos com a crise ideológica das elites intelectuais."
Movimento de intelectuais - A pesquisa revela que em todos os níveis - nacional, regional e local - a direção da AIB, e da Sociedade de Estudos Políticos, que a precedeu, foi controlada pelos intelectuais da classe média, sendo mínima a participação dos grandes empresários.
Desta Maneira, nos seus arquivos aparecem, entre outros, nomes como os do historiador Gustavo Barroso, o jurista Miguel Reale, o atual governador do Estado do Rio, Raymundo Padilha, o ex-governador de São Paulo e agora senador Carvalho Pinto, o jurista, escritor e político Francisco San Thiago Dantas, os poetas Mennotti del Picchia e Cassiano Ricardo, o presidente da Sociedade Tradição, Família e Propriedade, Plinio Correia de Oliveira, ou o escritor e pensador católico Alceu de Amoroso Lima.
Houve quem recuasse, e até trocasse de trincheiras. Mas é possível que algumas daquelas idéias da mocidade circulem com alguns deles, ainda hoje, pelos salões da política brasileira. E talvez sejam necessários outros quarenta anos para que sua presença seja transformada em gráficos e tabelas, como no livro de Trindade.
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