terça-feira, 28 de julho de 2015

"O Discurso de Belo Horizonte e a campanha eleitoral de 1955"

As eleições presidenciais de 1955 quando são abordadas pela historiografia geralmente se limitam em falar sobre o candidato Juscelino Kubitsheck, então governador de Minas Gerais - MG, esquecendo dos demais candidatos, dentre eles, o Presidente Nacional do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965) Plínio Salgado, único candidato a se lançar na disputa sem alianças partidárias, obtendo 8,28% dos votos validos, segundo informações oficiais do Tribunal Regional Eleitoral - TRE. 

A campanha espartana realizada pelo comitê do Partido de Representação Popular segundo o panfleto "O Discurso de Belo Horizonte", publicado pelo jornal Diário Comercio e Industria de São Paulo, em 17 de agosto de 1955, foi responsável em dar "um colorido novo à batalha sucessória", trazendo uma "palavra de fé, conforto ao desconsolado homem brasileiro".  Abaixo compartilho com os leitores este importante documento responsável em abordar um pouco do embate eleitoral do período. 

Acima panfleto intitulado "O Discurso de Belo Horizonte", publicado pelo jornal Diário Comercio e Industria de São Paulo, em 17 de agosto de 1955 (Fonte: Breno Zarranz). 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

"Série Entrevistas XXIII: Sr. Vagner Rogério Crivellari"

Nome: Vagner Rogério Crivellari.
Filiação: Antônio Angelo Crivellari e Maria Helena Ribeiro Barreto.
Estado: São Paulo - SP.
Nascimento: 25/03/1974.
Profissão: Diretor de Departamento Público.

Entrevista realizada no mês de julho de 2015 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figeira com o neto do Veterano da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) Sr. José Constante Barreto.

Acima imagem do núcleo Integralista de Rio Claro - SP, o Sr. José Constante Barreto se encontra no lado esquerdo da foto logo atrás do camisa-verde com o braços encostado na mesa (Fonte: Arquivo Público e Histórico de Rio Claro - SP). 

1) Sr. Vagner Crivellari, quais são as primeiras lembranças do senhor referente ao seu avô? O senhor poderia falar um pouco sobre sua personalidade e vida profissional?

Meu avô, o Sr. José Constante Barreto, popularmente chamado de "Barretinho" pelos amigos, foi um homem maravilhoso de um caráter irretocável, com uma grande "coração" e sabedora. Minha primeira lembrança do meu avô vem da infância onde ele me ensinou o que eram países no mapa mundi e suas capitais, numa grande aula de geografia que durou por semanas, além de me contar muitas histórias de guerras, conflitos e coisas do gênero. 

Foi ai que nasceu em mim uma paixão por história e que por causa de meu avô, me formei nessa área tirando nota 10 com louvor em meu TCC que fala sobre o ódio nazista e as atrocidades da segunda grande guerra, pena que meu avô não estava aqui para ver minha apresentação e formatura. 

Meu querido avô era um homem apaixonado por música, a boa música dos anos 1930,1940 e 1950, e colecionava discos de 78 rpm. Acredito que sua coleção ultrapassava mais de mil exemplares. Tinha também um grande acervo em fitas K7 tudo bem catalogado por ele mesmo. Colecionava muitos livros e era um assíduo leitor das grandes obras da literatura brasileira. Sua formação escolar não chegava a 4° série, mas sabia tudo de Machado de Assis, José de Alencar, Euclides da Cunha, Rui Barbosa, Mario de Andrade, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Aluisio de Azevedo, entre tantos outros. Era tão sábio e inteligente que sabia em que ano foram lançadas as edições das maiores obras desses escritores. Falava o tupi-guarani e lia as obras de José de Alencar com a maior tranquilidade do mundo, para quem não sabe, para ler as obras desse escritor você precisa ter ao lado um dicionário tupi-guarani. Com isso, se tornou escritor também e fazia crônicas para o editorial de um jornal de Rio Claro. 

Era com certeza um dos maiores defensores de Plínio Salgado, para ele o maior homem que conheceu, o qual sempre defendeu e ostentando em sua sala quadros com imagens de Plínio e do Sigma. Era leitor incansável das obras de Plínio, seu amigo, e de artigos relacionados ao Integralismo. Lia e relia tudo com entusiasmo visando sempre aumentar seu conhecimento, mesmo quando a vista não lhe ajudava mais e fazia suas leituras com a ajuda de um grande lupa. Tinha uma sede do "conhecimento" que impressionava as pessoas ao seu redor. 

Como profissão era eletricitário e trabalhou por muitos anos na antiga CESP, porém antes disso, não sei lhe informar, só sei que foi adotado por uma família rica Rioclarense que o encontrou em um hospital em São Paulo que cuidou dele até 18 anos de idade. A partir daí ele seguiu seu caminho e foi ganhar a vida na cidade de Santos - SP onde conheceu sua primeira mulher ao final dos anos 1920, com quem se casou e teve um filho. Conheceu e militou diretamente na Acção Integralista Brasileira, sendo um dos líderes em Santos e posteriormente foi convocado a implantar a AIB no interior paulista, escolhendo sua cidade de origem, vindo entçao morar em Rio Claro - SP. Nesse meio tempo, lutou fardado em trincheiras na Revolução Constitucionalista de São Paulo em 1932. Em 1937 foi perseguido, preso e exilado no Uruguai. PErdeu sua esposa ao final dos anos 1950 vítima de Mal de Parkinson. Posteriormente perderia seu filho também pelo mesmo problema em 1974. Casou novamente com sua segunda mulher, minha avó, com quem teve duas filhas. 

2) Seu avô, como muitos outros jovens do período fez parte da Acção Integralista Brasileira, por qual motivo o senhor acredita que o movimento Integralista o atraiu para suas fileiras? Houve outros parentes que também fizeram parte? Em qual núcleo? Chegaram a ocupar algum cargo de destaque? 

Meu avô seguiu o caminho do Integralismo, pois como eu disse, ele sempre foi um homem que adorava a leitura e tão logo viu o movimento, tomou conhecimento com sua doutrina, o que fez com que entrasse na ação ativamente. Acredito que meu avô seguiu esses passos, pois ele sempre me revelou que não acreditava que uma nação alcançaria sucesso e o equilíbrio, sendo governada pelo povo de forma democrática, muito menos pelos comunistas. Ele pregava sempre a palavra "líder", o qual confiava piamente e que acreditava que a nação deveria ser governada de forma totalitária por esse líder num sistema de nacionalismo. De minha família somente meu avô fez parte da AIB, mas tem foto com ele, sua esposa e seu filho bem pequeno, todos fardados de Integralistas. Não sei dizer que cargo meu avô ocupava dentro da AIB, só sei lhe dizer que ele era um dos líderes em Santos, amigo pessoal de Plínio Salgado e se lhe foi confiada a missão de propagar os ideais Integralista no interior de SP, é porque ele era de alta patente dentro do movimento e de extrema confiança pela liderança. 

3) Muitos camisas-verdes após o fechamento da AIB, em 1937, sofreram perseguições, sendo inclusive presos e torturados. Ocorreu algum tipo de perseguição durante o Estado Novo (1937-1945) contra seu avô que tinha publicamente fortes ligações com o líder Integralista Plínio Salgado?

Meu avô contava-nos que após o Golpe de 1937 toda a entrutura da AIB foi desmazelada com a perseguição e prisão de qualquer um que fosse envolvido com o movimento. Ele foi preso, sua casa foi toda vasculhada, e por falta de provas, pois ele havia bem escondido todo o material Integralista, foi solto. Sobretudo, teve que fugir e se exilar por um pequeno período no Uruguai devido à perseguição implacável da polícia. 

Voltou e viu que era proibido até de falar a palavra Integralismo, dessa forma reiniciou sua vida decepcionado com a política no país e sem esperança de mudar o Brasil para melhor. Só com a volta de Plínio depois do exílio, é que ele voltou a se empolgar, porém momentaneamente, pois vira que o Partido de Representação Popular - PRP, nação atingiria os objetivos e metas da AIB. Entretanto nunca perdeu contato com os colegas da AIB e trabalhava ativamente pela doutrina. 

4) Sr. Vagner, seu avô, realizou uma grande doação do seu acervo pessoal ao Arquivo Público e Histórico de Rio Claro, doando diferentes materiais relacionados ao Integralismo. Como foi esse processo de doação? Após a entrega do material ele continuava a frequentar o Arquivo?

Meu avô sabia da importância de seu acervo, contudo foi se desfazendo dele gradativamente, doando grande parte para o Arquivo Público e Histórico de Rio Claro, que já tinha também um bom acervo doado pela esposa de Plínio Salgado. Ele frequentava assiduamente esse Arquivo quase que diariamente, ironia do destino foi voltando de uma visita ao arquivo que ele foi atropelado. Uma outra parte do acervo de meu avô que não deu tempo de ser doado ao Arquivo, foi vendida pela minha avô a um amigo de meu avô após seu falecimento. Os anos se passaram e esse amigo de meu avô também faleceu, e não sei dizer o que a família dele fez com esse material. Só para se ter uma ideia, nesse material tem foto de meu avô deitado numa trincheira na Revolução de 1932, e fotos de sua família no auge da AIB em Santos - SP, além de documentos pessoais e demais itens. 

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil, em especial do Integralismo? 

Como historiador e neto desse grande homem, posso garantir que não se constrói uma nação ignorando o seu passado. A busca pelo conhecimento da história de um provo proporciona a esperança de um futuro melhor. E por meio desse conhecimento que erros não irão se repetir. Por esse conhecimento a pátria irá preservar a imagem de seus líderes e de homens que deram suas vidas para fazer uma nação melhor. Busquem, estudem, leiam e conheçam a verdadeira história da nossa nação, pois só assim, teremos os olhos desvendados e entenderemos melhor quem somos, e assim, decidir o rumo de nosso país. 


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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XXII: Sr. Zigmar Raeder: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/12/serie-entrevistas-xxii-sr-zigmar-raeder.html);

Entrevista XXI: Sr. Alberto de Oliveira: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/11/serie-entrevistas-xxi-sr-alberto-de.html);

Entrevista XX: Sra. Teresinha Gretter: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/09/serie-entrevistas-xx-sra-teresinha.html); 

Entrevista XVII - Gustavo Luz Barreto: (http://www.historia-do-prp.blogspot.com.br/2014/05/serie-entrevistas-xvii-gustavo-luz.html);

Entrevista XI: Sra. Ana Carolina Monteiro Porto de Oliveira (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/11/serie-entrevistas-xiii-sra-ana-carolina.html)

Entrevista IX Sra. Lieden Maria de Oliveira Carvalho (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/07/ssss.html)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

"A presença Integralista nos Teatros brasileiros"

A presença da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) no cotidiano da população brasileira é ainda um fato pouco estudado pela historiografia especializada, quando se busca referências sobre a presença de camisas-verdes nas salas de teatro pelo país infelizmente não se encontra dados sobre o fato, em parte por esta e outras situações comuns do cotidiano ainda não despertarem grande interesse nos historiadores que se debruçam principalmente por aspectos mais amplos da história do Sigma. 

Uma reportagem publicada no jornal A Offensiva, página 07, do dia 11 de maio de 1935, na coluna especializada em Cinema da publicação indicou a presença de camisas-verdes nos teatros pelo país, nomeando alguns dos militantes, o que facilita a pesquisa biográfica para muito interessados em estudar um pouco mais a vida de artistas nas colunas do Sigma, abaixo transcrevo a reportagem:

"O Integralismo nos theatros - O movimento Integralista desenvolve-se prodigiosamente em todos os circulos de actividade. Sua penetração nas classes theatraes vem se manifestando de forma surpreendente. Aqui no Rio ha varios artistas que já vestem a camisa verde e erguem o braço dizendo "anauê!" Dentre elles lembramo-nos agora de algun, todos nomes conceituadissimos em sua classe, pelo valor proprio e pelo valor artistico: Carlos Machado, Teixeira Pinto, Lydia Maria, PEdro Celestino, Olavo de Barroso, João Celestino, Céo da Camara, Eduardo Arouca, Vicente Malavota e Americo Garrido, e outros. E notavel a propaganda que todos vêm fazendo nos meios de theatro pelo Integralismo, como aliás, é dever de todo o integralista, podendo-se, entretanto, notar a actuação de Carlos Machado, Céo da Camara e Lydia Maia esta ultima Secretaria da Empresa N. V iggianni, que não se cansa em divulgar a nossa doutrina por todos os elementos de sua classe".  


Acima reportagem intitulada "O Integralismo nos theatros" publicada no jornal A Offensiva, página 07, do dia 11 de maio de 1935. 

sexta-feira, 17 de julho de 2015

"O Integralismo e as Eleições Presidenciais, cronologia do movimento do Sigma"

As comemoração sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, já se encerraram, entretanto gostaria de compartilhar com os leitores do blog Populista um curioso panfleto enviado pelo colecionador Sr. Breno Zarranz, responsável por traçar uma pequena cronologia da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937), indicando dados importantes sobre a trajetória do movimento do Sigma, abordando até mesmo a presença de camisas-verdes nas fileiras paulistas. 

Nesta publicação, editado pela Província Integralista do Rio Grande do Norte, em 26 de julho de 1937, intitulada "O Integralismo e as Eleições Presidenciaes", curiosamente indica aos brasileiros as propostas do movimento e sua história, objetivando convencer os eleitores a depositarem seus sufragios na Acção Integralista Brasileira, entretanto, estas eleições nunca ocorreram, com a decretação do Estado Novo (1937-1945), ocorrido em 10 de novembro de 1937. 
Acima imagem do panfleto "O Integralismo e as Eleições Presidenciaes" publicado pela Província do Rio Grande do Norte da Acção Integralista Brasileira, em 26 de julho de 1937 (Fonte: Acervo Breno Zarranz). 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

"Acervo sobre o Integralismo presente em Sorocaba - SP"

Nos últimos dias adquiri um importante material icônico sobre Integralismo em posse do colecionador Sr. Jaime de Abreu Neto, residente em Sorocaba - SP, trata-se de importantes itens da história da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) que nas próximas postagens irei compartilhar com os frequentadores do blog Populista.

O Sr. Jaime de Abreu Neto destaca-se por ser um importante colecionador sobre militaria nacional e mundial, possuindo em seu acervo uma das maiores coleções do gênero, realizando exposições e palestras aos interessados em conhecer um pouco mais da história brasileira e mundial. Aos interessados em conhecer um pouco mais sobre este material, divulgo abaixo a reportagem sobre sua coleção realizada pela Rede Bandeirantes de Televisão. 


Acima reportagem exibida pela Rede Bandeirantes de Televisão sobre a coleção do Sr. Jaime de Abreu Neto, nota-se que no minuto 7:37 aparece um dos cartazes mais conhecido da Acção Integralista Brasileira (Fonte: Youtube). 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

"São Paulo Vencido? Os camisas-verdes e a Revolução Constitucionalista de 1932"

Hoje se comemora na cidade de São Paulo mais um nove de julho, neste conflito armado ocorrido em 1932, intitulado pela historiográfica como Revolução Constitucionalista de 1932, que ceifou a vida de patrícios de ambos os lados, muitos que lutaram em suas batalhas posteriormente ingressaram na Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937), sendo talvez o mais famoso dos veteranos o celebrado jurista Miguel Reale (1910-2006), que nas fileiras do Sigma teve papel de destaque, ocupando o cargo de Secretário Nacional de Doutrina da Acção Integralista Brasileira. 

Alguns camisas-verdes como o Dr. Loureiro Junior, eleito Deputado Estadual pelo Partido de Representação Popular - PRP/SP, exercendo o mandato nas décadas de 1940 e 1950, escreveram trabalhos que relatam um pouco sobre o conflito, sendo a mais famosa obra escrita por Loureiro Junior intitulada "São Paulo Vencido?", uma cronica publicada em 1932 pela editora  Revista dos Tribunais, que faz um relato sobre os valores e desejos de uma mocidade que surpreenderia todo um país ao pegar em armas e enfrentar o governo federal. 
Acima imagem da capa do livro "São Paulo Vencido?" publicado pela Editora Revista dos Tribunais, 1° edição, 1932. 

terça-feira, 7 de julho de 2015

"Parte 2: Gustavo Barroso condenado á fuzilamento pelo Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937)"

A última postagem sobre uma suposta condenação do Secretário de Educação Moral e Cívica Dr. Gustavo Barroso pelo Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) Plínio Salgado chamou a atenção de muitos leitores do blog Populista que enviarem e-mails perguntando se existiam mais fontes sobre este momento emblemático da história do Sigma, alguns até mesmo desconhecendo essas acusações realizadas por jornais liberais da década de 1930. 

Hoje trago aos leitores mais uma reportagem sobre as supostas divergências no interior da Acção Integralista Brasileira que culminaram com a denúncia de uma condenação ao fuzilamento pelo jornal Diário da Noite. Nota-se que nesta reportagem, publicada pelo jornal O Globo, uma das principais vogais do movimento do Sigma, Sr. Madeira de Freitas, rebate as criticas com o título da publicação: "Divergências no Integralismo? O Sr. Madeira de Freitas diz que se trata de um 1° de abril atrasado...". Para facilitar a leitura, transcrevo abaixo o texto, mantendo a grafia original;

"Foi hontem noticiado que um processo de crise se estaria operando no meio da legião do sigma, por força das avançadas doutrinarias e das propagandas do escriptor Gustavo Barroso contra os males do capitalismo estrangeiro e dos banqueiros que, no seu entender, nos colonisariam. O senhor Plínio Salgado, o chefe dos nossos Camisas Verdes, teria mandado cerrar a redacção da "Offensiva", o orgão official do integralismo, aos escriptos do Sr. Gustavo Barroso, cuja rebeldia teria crescido tanto a ponto de mencionado chefe haver decretado seu fusilamento para o dia da victoria do extremismo verde.

Quiz, felizmente o acaso que à noticia nos encontrassemos com o Sr. Madeira de Freitas outra figura de relevo do integralismo e lhe indagassemos então do que havia. O Sr. Madeira de Freitas estranhou nossa curiosidade e resumiu: 

- Não tem o menor fundamento o que foi publicado. O Sr. Gustavo Barroso continua a prestar os melhores serviços a causa e é um dos nossos melhores e mais devotados companheiros. A noticia de que me fala foi com certeza publicada por equivoco. Ha de ser uma pilheria preparada para o 1° de abril e que passou de tempo... 

- E o Sr. Gustavo Barroso?

- Creio que elle não esteja no Rio hoje. Mas se o amigo encontrai-o, trata de interrogal-o porque, estou certo, a sua resposta não será muito differente da minha, tão evidente a falta de fundamento do que se disse no noticiario de hontem."


Acima reportagem publicada no jornal O Globo, do dia 14 de abril de 1936, com o título "Divergencias no Integralismo? O Sr. Madeira de Freitas diz que se trata de um 1° de abril atrasado..." (Fonte: Biblioteca Nacional). 

quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Gustavo Barroso condenado á fuzilamento pelo Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937)"

Muitos pesquisadores ao longo dos anos se deparam com "indícios" de uma ruptura entre os líderes Integralistas Gustavo Barroso e Plínio Salgado. Este fato é corroborado com o encerramento da coluna "Judaísmo Internacional", no jornal A Offensiva, e a indicação de Plínio Salgado, após pleito interno realizado pela Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) que possibilitou qualquer camisa-verde de se candidatar, como Presidenciável para as eleições que ocorreriam em 1938, caso não tivesse ocorrido o golpe que decretou o Estado Novo (1937-1945), tendo Barroso perdido a eleição com ampla maioria de votos a Salgado. 

Estes fatos foram abordados ao longo dos anos pelos jornais liberais que buscaram semear a discórdia nas fileiras do Sigma, publicando reportagens sistemáticas sobre um "conflito" entre ambas as lideranças. Com o objetivo de encerrar o tema o jornal A Offensiva, de 15 de abril e 1936 publicou um comunicado da Chefia da AIB com a manchete "Jornaes Vendidos - a Moscou, através de ridículos boatos, tentam lançar a confusão dentro do Integralismo", declarando ser inverosímel tais fatos. 

Com o objetivo de auxiliar os pesquisadores sobre o tema que se deparam com esta curiosa página da história da Acção Integralista Brasileira transcrevo aos leitores a reportagem, mantendo a grafia original: "A Chefia Nacional da Acção Integralista Brasileira avisa a todos os camisas verdes do paiz que tendo de dias para cá recrudescido a campanha de boatos, "canards", injurias e calumninas contra o Integralismo por parte de alguns orgãos de imprensa e de certas agencias telegraphicas, devem todos ficar precavidos a esse respeito. 

Ainda agora o "Diário da Noite" do Rio com espectaculares "mancheites", annuncia que o nosso companheiro Gustavo Barroso foi condemnado á fuzilamento pelo Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira, noticia essa tão ridicula e desprezivel que, não chega, nem mesmo, a ser infame... 

No presente momento, como sempre, desde o inicio do Movimento do Sigma, nenhum facto de importancia, ou mesmo sem importancia, que pudesse ter repercussão em detrimento da Acção Integralista Brasileira, tem ocorrido na vida interna do grande e unico partido nacional, eujas fileiras estão, mais do que nunca multiplicando-se, dentro da mais rigorosa disciplina e perfeita harmonia entre todos.

O Integralismo, que é hoje a maior expressão moral da Nacionalidade, constitue uma só força, sem colloridos de facções internas, força unida e cohesa, obedecendo a uma só voz: a do Chefe Supremo do Movimento.

Tudo o que se disser em contrario não passará de pura invencionice e morbidas phantasias de assalariados dos inimigos da Patria, que espreitam encapotados, aguardando o instante de entregar o Brasil a Moscou". 

(a.) PLÍNIO SALGADO - Chefe Nacional da AIB
Gustavo Barroso - Secretario Nacional de Educação e Cultura Physica.
Madeira de Freitas - Secretario Nacional de Propaganda.
Everaldo Leite - Secretario 


Acima reportagem publicada pelo jornal A Offensivade 15 de abril e 1936 (Fonte: Biblioteca Nacional). 


Acima manchete da reportagem publicada no jornal Diário da Noite, de 13 de abril de 1936 que motivou o comunicado publico da Acção Integralista Brasileira publicada no jornal A Offensiva (Fonte: Biblioteca Nacional).