Ficha técnica
Nome: Jenyberto Pizzotti
Filiação: Humberto Garibaldi Pizzotti e Jenny Alexandre Pizzotti
Estado: São Paulo - SP
Data de nascimento: 21/07/1952
Profissão: empresário, consultor de marketing e jornalista
Entrevista realizada no mês de junho de 2013 pelo pesquisador
Guilherme Jorge Figueira com o pesquisador e militante Integralista Sr.
Jenyberto Pizzotti.
1) Sr. Jenyberto Pizzotti, o
senhor está na militância Integralista há mais de 30 anos, poderia fazer um
rápido retrospecto deste período?
Sou Integralista há 36 anos.
Desde 1977 quando, como repórter de um jornal, fui fazer a cobertura da
inauguração da Praça Plínio Salgado em Rio Claro - SP. Depois disso conheci
muitos companheiros Integralistas que conviveram com Plínio Salgado e demais
líderes desde a primeira marcha em São Paulo. Conheci e convivi com
companheiros das milícias e também do período posterior a 1937, do PRP, dos
Águias Brancas, e etc. E foi com esses companheiros que fui praticamente preparado
para um dia reorganizar o Integralismo no Brasil. Depois, a partir de 1985,
Plínio faleceu em 1985, a AIB começa a se reorganizar principalmente com
companheiros do Rio de janeiro e São Paulo. Em 1989 houve um grande encontro no
Rio e, a partir dai, eu fui um dos principais líderes militantes dessa nova
fase do movimento. A partir de meados da década de 90, até agora, o
Integralismo ficou acéfalo, sem lideranças expressivas e organizadas. Na década
de 200 despontaram alguns jovens interessados em conhecer a Doutrina , e no
final de 2004 houve uma cisão dentro do movimento.
2) O senhor teve estreito
relacionamento com muitos veteranos da Acção Integralista Brasileira - AIB
(1932-1937) e do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965), pode contar
alguma das muitas histórias contadas ao senhor por esses saudosos
camisas-verdes?
São diversas e lindas histórias,
daria para escrever um livro. Mas uma das que sempre me recordo me foi contada
por um grande Integralista: José Constante Barreto, falecido com mais de 100
anos, e que foi chefe do Núcleo Integralista de Santos - SP e pertenceu as
milícias com Plínio. O Companheiro Barreto me contou que na ocasião do golpe de
Getúlio, Plínio foi exilado e Getúlio começou uma feroz "caça" a
Comunistas e Integralistas, até então em campos ideológicos opostos. O Barreto
que era da Milícia e um dos líderes em Santos estava de posse de documentos
importantes, com nome de centenas de Companheiros Integralistas.
Como estava sendo perseguido, foi
inclusive preso, e tendo que esconder esses documentos, procurou um amigo
pessoal, um jovem, dono de uma livraria. Esse amigo, vendo o desespero do
Barreto em esconder os documentos se propôs a guardá-los, a esconde-los. E
assim foi feito. Passado a crise, o Barreto voltou na livraria e o amigo tirou
os documentos que estavam bem escondidos atrás de alguns livros e entregou ao
amigo. Os dois se abraçaram muito. Barreto sempre soube que esse amigo era
Comunista, e o amigo sempre soube que Barreto era Integralista. Eles discordavam
na ideologia, mas eram dois cavalheiros, tinham honra.
Colocavam a amizade, a lealdade
acima das ideologias, pois entendiam que sobretudo eram brasileiros lutando em
trincheiras diferentes, mas acreditavam que estavam lutando pelo Brasil e por
seus ideais. E isso, é ser Integralista. É não vender a Pátria, é não se
vender, é lutar por aquilo em que acreditamos, é não se deixar corromper, é ter
a compreensão que somos todos brasileiros, é ter a compreensão que somos um
País, mas devemos lutar para unirmos todos os brasileiros, respeitando nossas
diferenças individuais, e nos transformarmos numa Nação, pois não basta sermos
um País, temos que nos tornar uma Nação. Isto é ser Integralista, isso é ser um
ser humano Integral.
3) A Acção Integralista Brasileira
durante sua existência combateu arduamente o Comunismo, Liberalismo e o
Materialismo, essa hoje são ainda bandeiras a ser combatidas? Porque?
Os Integralistas combatiam o
Liberalismo defendendo a existência de um Estado "Forte". Reale, sem
dúvida nenhuma, foi o grande teórico dentro do Integralismo a estudar as
questões do Estado Nacional, e foi, sem dúvida, o maior orientador de Plínio
nessas questões. Defendia basicamente, a iniciativa privada, a responsabilidade
de produtores e trabalhadores perante o Estado, e a estruturação do Estado
através de Corporações e de um Governo forte. Estudou profundamente os
trabalhadores perante o Estado, e a estruturação do Estado através de
Corporações e de um Governo forte. Estudou profundamente o Fascismo Italiano e
seu Sistema Corporativo.
O Integralismo não aceitar ver o
povo brasileiro, os profissionais e de todos as áreas, e os produtores
nacionais da indústria, do comércio e de bens de serviços serem explorados e
massacrados por esse Sistema Financeiro Liberal Internacional e desumano que se
instalou e dominou nosso País.
Os Integralistas combatiam o
Comunismo, ou mais especificamente, o brutal e sanguinário Comunismo Russo, na
época, Stalinista. Esse alinhamento ideológico, não era obviamente, com a
ideologia norte-americana ou inglesa, inexpressivas na época, mas com a
Alemanha Nazista e Itália Fascista, que também combatiam o Comunismo. Após a
Segunda Guerra Mundial, por coerência com a Doutrina Integralista, e com o
desencadeamento da Guerra Fria, Plínio realizou um realinhamento ideológico,
contra o Nazismo e Fascismo e contra o Comunismo, realinhamento esse com a
ideologia anglo-americana anticomunista.
Importante salientar que no
primeiro Estatuto Integralista de 1934, divulgado no Congresso de Vitória - ES,
um dos pilares ideológicos do Integralismo é "o predomínio do Social pelo
Individual", o que pode ser interpretado como um tipo de Socialismo, uma
preocupação com o "social" com o "coletivo", da mesma forma
como foram as raízes do Nacional-Socialismo alemão e do Fascismo Italiano.
O Integralismo luta contra
qualquer tipo de doutrina ou organização marxista-leninista que vise a
implantação no Brasil de uma Ditadura explícita ou disfarçada contra o povo,
contra nossas tradições cristãs e contra a família brasileira. O Integralismo
respeita qualquer organização, não importando suas nuances ideológicas que lute
pela liberdade e pela felicidade real do povo brasileiro.
Os Integralistas combatem o
Capitalismo, entendendo-se Capitalismo como Capitalismo Financeiro
Internacional. As bases dessa luta e a própria solução para ela, é o combate a
ideia marxista de "Luta de Classes".
Os Integralistas pregam a harmonia entre as classes sociais, entre as
classes que representava o "Trabalho" e o "Capital". E uma
das soluções apontadas foi o Sistema Corporativo.
O Estado se faria presente
através das Corporações para controlar, orientar e resolver todas as questões e
conflitos entre as classes sociais e profissionais, evitando a luta de classes.
A propriedade individual é defendia, assim como a livre iniciativa, desde que
não prejudicassem o "bem comum", o direito coletivo.
Plínio, apesar de não ter sido
específico nas questões econômicas, e sempre a elas se referir de forma
genérica e não específica, assim como outros líderes Integralistas, defendia a
Economia Planejada e sob o Controle do Estado, objetivando uma finalidade ética
e voltada para o social no desenvolvimento da economia, ou trocando em outras
palavras: defendia um Socialismo Nacional, não em suas nuances marxistas e
internacionalistas, mas mesmo assim, e de qualquer forma, idéias socialistas ou
socializantes. O termo
"Socialismo" era, e é ate hoje, sempre associado com a idéia de
"Comunismo", o que dificulta a compreensão do objetivo Integralista
de priorizar o social, antes do individual, como foi especificado no primeiro
estatuto da AIB.
Já Plínio, sem entrar na
profundidade das questões econômicas, área que sempre evitava opinar, criticava
o Capitalismo em seus efeitos anti-éticos e destruidores. O Integralismo
acredita que o Sistema Capitalista é bom quando todos possam se beneficiar
dele, quando existe um equilíbrio entre a livre iniciativa e o interesse e
respeito pelo Bem Comum, quando as leis e a Constituição do País sejam
respeitadas, quando o Ser Humano seja colocado em primeiro lugar, antes de
interesses financeiros e selvagens.
Ao contrário do domínio mundial
realizado pelo Sistema Financeiro Internacional, que destrói as Pátrias e as
Nações, escravizando-as e brutalizando-as, acreditamos que a Economia deve ser
voltado para Homens e não para Bestas. Não aceitamos a denominada "Dívida
Externa Brasileira", hoje denominada hipocritamente de "Superávit
Primário", que transformou nosso Povo em escravo do Sistema Financeiro
Internacional, infelicitando homens, mulheres e crianças e nos condenando a não
termos nenhum futuro como uma Grande Nação. Lutamos pela imediata interrupção
de quaisquer pagamentos ou acordos , pela auditoria financeira e análise
histórica dos capitais saqueados do país, pela repatriação desses capitais, e
pela punição exemplar dos agentes financeiros e traidores da Pátria que
contribuíram para a sangria e massacre do Povo Brasileiro.
4) A cidade na qual o senhor
reside hoje, Rio Claro - SP, foi um importante polo Integralista, inclusive boa
parte da sua população fez parte das fileiras do Sigma. Hoje existe ainda algum
aspecto deste passado presente na cidade com praças, ruas e bibliotecas que
homenageiam estes camisas-verdes? Por qual motivo o senhor acredita que estes
personagens foram homenageados?
Rio Claro é a guardiã, no Arquivo
Municipal, do acervo particular e Plínio Salgado e recebe pesquisadores do país
e do exterior. Foi considerada a segunda cidade Integralista por Plínio, a
primeira foi Vitória - ES onde foi realizado o primeiro congresso. E tem uma
praça denominada "Plínio Salgado". A homenagem a Plínio Salgado
deve-se evidentemente a importância moral, cívica e histórica que teve e tem
esse grande brasileiro.
5) Por fim, qual a mensagem que o
senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a
história do Brasil, em especial do Integralismo?
Que procurem pesquisar
diretamente nos livros de Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso o que
foi e é realmente o Integralismo. Que não participem de nenhuma organização que
se intitula como Integralista sem antes realizar uma pesquisa profunda e sem
preconceitos. Que não se deixem levar por fanatismo ideológicos, religiosos, ou
de qualquer tipo. Que mantenhas suas mentes livres e abertas para tudo analisar
e julgar o que for melhor para sí, para o Brasil, para nossos semelhantes. E
que nunca esqueça que antes de servo cristãos, muçulmanos ou judeus, brancos ou
negros, pobres ou ricos, cultos ou não, brasileiros ou não, homens ou mulheres,
antes de sermos tudo isso, somos seres humanos. Quando descobrirem isso, vão
descobrir que são Integralistas, como eu entendo o que é ser realmente
Integralista.
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Abaixo lista de entrevistados:
Entrevista XII: Sr. Marco Antonio Rattes Nunes: (
http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/serie-entrevistas-xii-sr-marco-antonio.html);
Entrevista XI: Sra. Ana Carolina Monteiro Porto de Oliveira (
http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/11/serie-entrevistas-xiii-sra-ana-carolina.html);
Entrevista X: Sr. Jeronimo de Araujo (
http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/10/serie-entrevistas-xii-sr-jeronimo-de.html);