A década de 1930 no Brasil foram anos conturbados na política e cultural, diversos fenômenos estiveram presentes no período, casos pontuais são geralmente ignorados pela historiografia e esquecidos ao longo do tempo. Em inúmeras postagens ao longo dos anos, geralmente próximo a dezembro, abordo o tema "Vovô Índio" como uma forma de resgatar esse personagem marginal da nossa história folclórica, os esforços nesse sentido tem trazido resultado, despertando interesse de outros pesquisadores sobre a temática.
Imaginar o "Papai Noel" em um embate feroz por espaço com o "Vovô Índio", em pleno 2016, pode parecer cômico para algum leitor desatento, entretanto nos anos 1930 a figura do "Papai Noel" não se encontrava difundida, sendo inclusive tratada com desprezo por muitos intelectuais, que o consideravam "velhusca e fantasmagórica", como, por exemplo indica Prof. Walfredo Caldas em reportagem sobre o Natal:
"Eis porque filiamo-nos francamente a idea do nosso patricio, Sr. Christovam de Camargo, de se trocar o Papae Noel, - francez de origem e lusitano de adopção, - pelo "Vovô Indio", que é nosso e muito nosso; e o exotico pinheiro, lanzudo e esteril, pela copada e frutifera mangueira, igualmente nossa. Nada, pois, mais brasilophilo sem resquicios de jacobinismo e oportuno até, quando, segundo referem telegrammas de Brlim, já chega a ser objeto de reclamações e reinvidicatorias o velhusco e fantasmagorico Papae Noel que diga-se de passagem, é desconhecido no Nordeste e Noroeste do Braisl, onde Naal e Reis, tem um cunho tocante de poesia e tradição, fstejados como Reisado Pastorihas, Cheganças Marujadas e Fandango".
Acima imagem da reportagem escrita pelo Prof. Walfredo Caldas com o título de "Papae Noel e seus Homonymos", publicada no jornal Correio da Manha, em 24 de dezembro de 1937, página 33 (Fonte: Biblioteca Nacional).
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