quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Série Entrevista VIII - Sr. Jenyberto Pizzotti"

Ficha técnica
Nome: Jenyberto Pizzotti
Filiação: Humberto Garibaldi Pizzotti e Jenny Alexandre Pizzotti
Estado: São Paulo - SP
Data de nascimento: 21/07/1952
Profissão: empresário, consultor de marketing e jornalista

Entrevista realizada no mês de junho de 2013 pelo pesquisador Guilherme Jorge Figueira com o pesquisador e militante Integralista Sr. Jenyberto Pizzotti.

1) Sr. Jenyberto Pizzotti, o senhor está na militância Integralista há mais de 30 anos, poderia fazer um rápido retrospecto deste período?

Sou Integralista há 36 anos. Desde 1977 quando, como repórter de um jornal, fui fazer a cobertura da inauguração da Praça Plínio Salgado em Rio Claro - SP. Depois disso conheci muitos companheiros Integralistas que conviveram com Plínio Salgado e demais líderes desde a primeira marcha em São Paulo. Conheci e convivi com companheiros das milícias e também do período posterior a 1937, do PRP, dos Águias Brancas, e etc. E foi com esses companheiros que fui praticamente preparado para um dia reorganizar o Integralismo no Brasil. Depois, a partir de 1985, Plínio faleceu em 1985, a AIB começa a se reorganizar principalmente com companheiros do Rio de janeiro e São Paulo. Em 1989 houve um grande encontro no Rio e, a partir dai, eu fui um dos principais líderes militantes dessa nova fase do movimento. A partir de meados da década de 90, até agora, o Integralismo ficou acéfalo, sem lideranças expressivas e organizadas. Na década de 200 despontaram alguns jovens interessados em conhecer a Doutrina , e no final de 2004 houve uma cisão dentro do movimento.

2) O senhor teve estreito relacionamento com muitos veteranos da Acção Integralista Brasileira - AIB (1932-1937) e do Partido de Representação Popular - PRP (1945-1965), pode contar alguma das muitas histórias contadas ao senhor por esses saudosos camisas-verdes?

São diversas e lindas histórias, daria para escrever um livro. Mas uma das que sempre me recordo me foi contada por um grande Integralista: José Constante Barreto, falecido com mais de 100 anos, e que foi chefe do Núcleo Integralista de Santos - SP e pertenceu as milícias com Plínio. O Companheiro Barreto me contou que na ocasião do golpe de Getúlio, Plínio foi exilado e Getúlio começou uma feroz "caça" a Comunistas e Integralistas, até então em campos ideológicos opostos. O Barreto que era da Milícia e um dos líderes em Santos estava de posse de documentos importantes, com nome de centenas de Companheiros Integralistas.

Como estava sendo perseguido, foi inclusive preso, e tendo que esconder esses documentos, procurou um amigo pessoal, um jovem, dono de uma livraria. Esse amigo, vendo o desespero do Barreto em esconder os documentos se propôs a guardá-los, a esconde-los. E assim foi feito. Passado a crise, o Barreto voltou na livraria e o amigo tirou os documentos que estavam bem escondidos atrás de alguns livros e entregou ao amigo. Os dois se abraçaram muito. Barreto sempre soube que esse amigo era Comunista, e o amigo sempre soube que Barreto era Integralista. Eles discordavam na ideologia, mas eram dois cavalheiros, tinham honra.

Colocavam a amizade, a lealdade acima das ideologias, pois entendiam que sobretudo eram brasileiros lutando em trincheiras diferentes, mas acreditavam que estavam lutando pelo Brasil e por seus ideais. E isso, é ser Integralista. É não vender a Pátria, é não se vender, é lutar por aquilo em que acreditamos, é não se deixar corromper, é ter a compreensão que somos todos brasileiros, é ter a compreensão que somos um País, mas devemos lutar para unirmos todos os brasileiros, respeitando nossas diferenças individuais, e nos transformarmos numa Nação, pois não basta sermos um País, temos que nos tornar uma Nação. Isto é ser Integralista, isso é ser um ser humano Integral.

3) A Acção Integralista Brasileira durante sua existência combateu arduamente o Comunismo, Liberalismo e o Materialismo, essa hoje são ainda bandeiras a ser combatidas? Porque?

Os Integralistas combatiam o Liberalismo defendendo a existência de um Estado "Forte". Reale, sem dúvida nenhuma, foi o grande teórico dentro do Integralismo a estudar as questões do Estado Nacional, e foi, sem dúvida, o maior orientador de Plínio nessas questões. Defendia basicamente, a iniciativa privada, a responsabilidade de produtores e trabalhadores perante o Estado, e a estruturação do Estado através de Corporações e de um Governo forte. Estudou profundamente os trabalhadores perante o Estado, e a estruturação do Estado através de Corporações e de um Governo forte. Estudou profundamente o Fascismo Italiano e seu Sistema Corporativo.

O Integralismo não aceitar ver o povo brasileiro, os profissionais e de todos as áreas, e os produtores nacionais da indústria, do comércio e de bens de serviços serem explorados e massacrados por esse Sistema Financeiro Liberal Internacional e desumano que se instalou e dominou nosso País.

Os Integralistas combatiam o Comunismo, ou mais especificamente, o brutal e sanguinário Comunismo Russo, na época, Stalinista. Esse alinhamento ideológico, não era obviamente, com a ideologia norte-americana ou inglesa, inexpressivas na época, mas com a Alemanha Nazista e Itália Fascista, que também combatiam o Comunismo. Após a Segunda Guerra Mundial, por coerência com a Doutrina Integralista, e com o desencadeamento da Guerra Fria, Plínio realizou um realinhamento ideológico, contra o Nazismo e Fascismo e contra o Comunismo, realinhamento esse com a ideologia anglo-americana anticomunista.

Importante salientar que no primeiro Estatuto Integralista de 1934, divulgado no Congresso de Vitória - ES, um dos pilares ideológicos do Integralismo é "o predomínio do Social pelo Individual", o que pode ser interpretado como um tipo de Socialismo, uma preocupação com o "social" com o "coletivo", da mesma forma como foram as raízes do Nacional-Socialismo alemão e do Fascismo Italiano.

O Integralismo luta contra qualquer tipo de doutrina ou organização marxista-leninista que vise a implantação no Brasil de uma Ditadura explícita ou disfarçada contra o povo, contra nossas tradições cristãs e contra a família brasileira. O Integralismo respeita qualquer organização, não importando suas nuances ideológicas que lute pela liberdade e pela felicidade real do povo brasileiro.

Os Integralistas combatem o Capitalismo, entendendo-se Capitalismo como Capitalismo Financeiro Internacional. As bases dessa luta e a própria solução para ela, é o combate a ideia marxista de "Luta de Classes".  Os Integralistas pregam a harmonia entre as classes sociais, entre as classes que representava o "Trabalho" e o "Capital". E uma das soluções apontadas foi o Sistema Corporativo.

O Estado se faria presente através das Corporações para controlar, orientar e resolver todas as questões e conflitos entre as classes sociais e profissionais, evitando a luta de classes. A propriedade individual é defendia, assim como a livre iniciativa, desde que não prejudicassem o "bem comum", o direito coletivo.

Plínio, apesar de não ter sido específico nas questões econômicas, e sempre a elas se referir de forma genérica e não específica, assim como outros líderes Integralistas, defendia a Economia Planejada e sob o Controle do Estado, objetivando uma finalidade ética e voltada para o social no desenvolvimento da economia, ou trocando em outras palavras: defendia um Socialismo Nacional, não em suas nuances marxistas e internacionalistas, mas mesmo assim, e de qualquer forma, idéias socialistas ou socializantes. O  termo "Socialismo" era, e é ate hoje, sempre associado com a idéia de "Comunismo", o que dificulta a compreensão do objetivo Integralista de priorizar o social, antes do individual, como foi especificado no primeiro estatuto da AIB.

Já Plínio, sem entrar na profundidade das questões econômicas, área que sempre evitava opinar, criticava o Capitalismo em seus efeitos anti-éticos e destruidores. O Integralismo acredita que o Sistema Capitalista é bom quando todos possam se beneficiar dele, quando existe um equilíbrio entre a livre iniciativa e o interesse e respeito pelo Bem Comum, quando as leis e a Constituição do País sejam respeitadas, quando o Ser Humano seja colocado em primeiro lugar, antes de interesses financeiros e selvagens.

Ao contrário do domínio mundial realizado pelo Sistema Financeiro Internacional, que destrói as Pátrias e as Nações, escravizando-as e brutalizando-as, acreditamos que a Economia deve ser voltado para Homens e não para Bestas. Não aceitamos a denominada "Dívida Externa Brasileira", hoje denominada hipocritamente de "Superávit Primário", que transformou nosso Povo em escravo do Sistema Financeiro Internacional, infelicitando homens, mulheres e crianças e nos condenando a não termos nenhum futuro como uma Grande Nação. Lutamos pela imediata interrupção de quaisquer pagamentos ou acordos , pela auditoria financeira e análise histórica dos capitais saqueados do país, pela repatriação desses capitais, e pela punição exemplar dos agentes financeiros e traidores da Pátria que contribuíram para a sangria e massacre do Povo Brasileiro.

4) A cidade na qual o senhor reside hoje, Rio Claro - SP, foi um importante polo Integralista, inclusive boa parte da sua população fez parte das fileiras do Sigma. Hoje existe ainda algum aspecto deste passado presente na cidade com praças, ruas e bibliotecas que homenageiam estes camisas-verdes? Por qual motivo o senhor acredita que estes personagens foram homenageados?

Rio Claro é a guardiã, no Arquivo Municipal, do acervo particular e Plínio Salgado e recebe pesquisadores do país e do exterior. Foi considerada a segunda cidade Integralista por Plínio, a primeira foi Vitória - ES onde foi realizado o primeiro congresso. E tem uma praça denominada "Plínio Salgado". A homenagem a Plínio Salgado deve-se evidentemente a importância moral, cívica e histórica que teve e tem esse grande brasileiro.

5) Por fim, qual a mensagem que o senhor deixa a todos os jovens que atualmente buscam informações sobre a história do Brasil, em especial do Integralismo?

Que procurem pesquisar diretamente nos livros de Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso o que foi e é realmente o Integralismo. Que não participem de nenhuma organização que se intitula como Integralista sem antes realizar uma pesquisa profunda e sem preconceitos. Que não se deixem levar por fanatismo ideológicos, religiosos, ou de qualquer tipo. Que mantenhas suas mentes livres e abertas para tudo analisar e julgar o que for melhor para sí, para o Brasil, para nossos semelhantes. E que nunca esqueça que antes de servo cristãos, muçulmanos ou judeus, brancos ou negros, pobres ou ricos, cultos ou não, brasileiros ou não, homens ou mulheres, antes de sermos tudo isso, somos seres humanos. Quando descobrirem isso, vão descobrir que são Integralistas, como eu entendo o que é ser realmente Integralista.

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Abaixo lista de entrevistados:

Entrevista XII: Sr. Marco Antonio Rattes Nunes: (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/12/serie-entrevistas-xii-sr-marco-antonio.html);

Entrevista XI: Sra. Ana Carolina Monteiro Porto de Oliveira (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/11/serie-entrevistas-xiii-sra-ana-carolina.html);

Entrevista X: Sr. Jeronimo de Araujo (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/10/serie-entrevistas-xii-sr-jeronimo-de.html);

Entrevista IX Sra. Lieden Maria de Oliveira Carvalho (http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2013/07/ssss.html);








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