O Vovô Índio continua despertando a curiosidade das pessoas que se interessam pela a história e folclore nacional. Há alguns meses, por exemplo, o programa "O Infiltrado", que irá abordar o mundo dos interpretes de Papais Noéis, no canal History Channel, me procurou para falar um pouco sobre o Vovô Índio, personagem criado nos anos 1930, possivelmente pelo escritor Christovam de Camargo.
Ao longo dos anos escrevi sobre o assunto em diferentes postagens e textos presentes na Internet, servindo de fonte para outros autores, que tiveram interesse em abordar um pouco sobre o personagem, sendo possível encontrar imagens pinçadas por mim em periódicos da época, ilustrando e aguçando ainda mais a curiosidade sobre uma figura esquecida do folclore nacional.
Acima imagem publicada no jornal Correio da Manhã, do dia 15 de dezembro de 1932, página 02, no qual aborda o concurso idealizado por Christovam de Camargo para substituir o Papai Noel pelo Vovô Índio.
Recentemente encontrei no jornal Correio da Manhã mais algumas informações sobre a presença do Vovô Índio no Natal do inicio dos anos de 1930, que compartilho com os leitores, trata-se de uma "carta" escrita pelo Vovô Índio sobre sua impressão do Papai Noel, sugerindo ao seu criador, Christovam de Camargo, que desistisse da "invenção", aconselhando que se continuasse com o Papai Noel, referindo-se ao personagem como um "velho desmoralizado, de barbas postiças de algodão e de saco de emigrante às costas".
Ilustração do Vovô Índio trabalhando em seu gabinete publicada no jornal Correio da Manhã, do dia 24 de dezembro de 1932, página 03.
Ao continuar a analise da carta é possível encontrar a sugestão do seu autor indicando que as crianças da época não acreditam mais no principal ícone do natal, o Papai Noel, conforme pode ser observado, "Além disso, é preciso que lhe diga, seu Camargo, que, si você ainda, a estas horas, acredita no Papai Noel ou no Vovô Índio, o mesmo não acontece com a crianças de hoje, que se despedaçam de riso quando lhe contam a celebre anedota da cegonha". O texto se encerra da seguinte forma: "Desculpe o mau jeito e aceite um abraço selvagem deste seu admirador admirado, Vovô Índio".
Primeira e segunda parte da reportagem intitulada "A opinião de Vovô Índio sobre a sua candidatura a Papai Noel", publicada no no jornal Correio da Manhã, do dia 24 de dezembro de 1932, página 03.
O curioso texto, além de trazer uma ilustração rara do personagem, é a forma cômica escrita, ridicularizando seu criador e tentando dar por encerrada as discussões que se encontrava aflorada na época, sendo possivelmente o criador da carta o Barão de Itararé, com seu estilo humorístico inconfundível. Outro fato desperta a atenção, e a participação de diferentes artistas no concurso idealizado por Christovam de Camargo, para a escolha de uma interpretação artística do Vovô Índio, conforme diferentes notas nos jornais da década de 1930, dentre eles o jornal Correio da Manhã.
Terceira parte da reportagem intitulada "A opinião de Vovô Índio sobre a sua candidatura a Papai Noel", publicada no no jornal Correio da Manhã, do dia 24 de dezembro de 1932, página 03.
Um fato é importante ressaltar ao seu falar sobre o selvícola, as interpretações não ficaram apenas nas ilustrações, a presença de poemas fazendo referencias ao personagem são vastas, tendo diferentes autores publicados trabalhos que falam um pouco sobre o Vovô Índio no Natal brasileiro, como, por exemplo, a de Diogenes de Noronha. Estas interpretações são fundamentais para compreender ainda mais o vasto universo que ele estava inserido, entendendo suas peculiaridades que o destoavam da figura europeia do Papai Noel.
Poema de autoria do escritor Diogenes de Noronha, sobre o Vovô Índio, publicada no jornal Correio da Manhã, do dia 25 de dezembro de 1935, página 13.
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