O artista plástico, escritor e político
Guido Fernando Mondin, se vivo ainda estivesse, completaria 100 anos no dia 06
de maio de 2012. Esta data foi lembrada em diversos eventos pelo Brasil, tendo
se concentrado principalmente as homenagens nos Estados do Rio Grande do Sul –
RS e no Distrito Federal – DF.
Entre as homenagens já realizadas
e as que estão por vir uma merece destaque, trata-se da Semana da Pátria de
2012, que será realizada pela Prefeitura de Caxias do Sul, local este diversas vezes retratado em suas pinturas, o desfile acontecerá no dia 07 de setembro, das 09h às 12hm sendo aberto ao público, é importante ressaltar que as homenagens não estarão restritas ao Município, todo o Rio Grande do Sul estará homenageando a figura de Guido Fernando Modin durante as festividades.
Abaixo trecho do discurso
realizado no Senado Federal, pelo então Senador Pedro Simon – PMDB/RS, no dia
23 de agosto de 2000, ano do seu falecimento, no qual fala um pouco da sua trajetória
política: “(...) Em 1933, já casado, passou a interessar-se ainda mais pela Política.
Como se sabe, nos anos que sucederam a Revolução de 30, teve início intenso
debate sobre a legislação social. Os trabalhadores se organizavam em
sindicatos. Guido Mondin aderiu, então, à Ação Integralista Brasileira, cujo
programa atraía grande parte de jovens no Rio Grande do Sul.
Com o advento do Estado Novo,
extintos os partidos, Guido Mondin concentrou-se na sua formação intelectual.
Formou-se em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, em 1945.
Após a redemocratização do País,
com o ressurgimento dos partidos políticos, Guido Fernando Mondin
reencontrou-se com outra das suas mais fortes vocações. Filiou-se ao Partido de
Representação Popular e, mesmo contra sua vontade, atendendo a insistentes
pedidos de amigos, candidatou-se à Assembléia Nacional Constituinte, não
conseguindo ser eleito.
Nas primeiras eleições
municipais que vieram a seguir, mesmo sendo porto-alegrense, Guido Mondin foi
lançado candidato a Prefeito de Caxias do Sul.
Sua campanha foi memorável. Usou
inúmeros recursos de propaganda desconhecidos na época, como projeções de
caricaturas nas paredes dos edifícios; alto-falantes em aviões teco-teco;
comícios ambulantes em que se fazia seguir de viaturas, antecipando as
carreatas de hoje; e também o uso pioneiro das emissoras de rádio. Não foi
grande a sua votação. Em Porto Alegre e em Caxias, não ganhou as eleições.
Em outubro de 1948, com 35 anos,
assumiu, pela primeira vez, um cargo público: tomou posse como suplente na
Assembléia Legislativa. Apesar de sua marcante atuação, em especial nas
Comissões de Obras Públicas e Agricultura, preferiu voltar à atividade
empresarial. Quis dedicar-se à instalação de uma indústria em Caxias do Sul.
Eleito Deputado Estadual,
exerceu o cargo entre 1951 e 1955, ano em que foi eleito, numa coligação
partidária, Vice-Prefeito de Caxias do Sul. Em duas oportunidades assumiu a
prefeitura. Em 1956, esteve na Câmara dos Deputados exercendo um curto mandato,
já que era o primeiro suplente.
Em 1958, candidatou-se ao Senado
pelo Partido de Representação Popular, numa coligação litigiosa com o Partido
Trabalhista Brasileiro. Fazendo uso de sua grande habilidade, conseguiu aparar
as arestas e remover as antigas animosidades entre as duas agremiações. Foi
eleito ao cabo de uma memorável campanha de nove meses de duração, tendo
pronunciado mais de 1.500 discursos.
Foi uma eleição de impacto no
Rio Grande do Sul. Nesse momento, o Governador eleito foi Leonel Brizola. E Leonel
Brizola, do PTB, fazia uma aliança com o PRP, dando a vaga que era de Alberto
Pasqualini aqui no Senado a Guido Mondin, obtendo uma vitória estrondosa e
completamente inesperada, porque eram forças diferentes que se uniam e
conseguiam a vitória.
É interessante notar que naquele
pleito foi registrado o menor índice de abstenção da história política do Rio
Grande do Sul. Reparem como incendiou a emoção aquele debate, aquela luta
inesperada de forças diferentes que se uniam, que se integravam. O menor índice
de abstenção até hoje em todas as eleições do Rio Grande do Sul foi o
registrado no pleito em que Guido Mondin foi eleito Senador da República.
Compareceram para votar um milhão duzentas e quatorze mil pessoas, de um total
de um milhão duzentos e setenta e quatro mil pessoas aptas a votar. A abstenção
foi de apenas 4,7%.
Guido Mondin exerceu seu
primeiro mandato como Senador entre 1959 e 1967. Extintos os partidos pelo
Regime Militar, em 1966, filiou-se à Arena. Naquele mesmo ano obteve sua
segunda eleição para o Senado - àquela época havia a fórmula da sublegenda.
Concorreram com ele Mário Mondino e esta figura extraordinária de Synval
Guazelli, hoje Deputado Federal do Rio Grande do Sul, uma das figuras mais
dignas, mais brilhantes e mais extraordinárias da vida pública do Rio Grande do
Sul e do Brasil. Aproveito esta oportunidade em que estou aqui saudando Guido
Mondin e vendo a figura de Synval Guazelli, para levar a ele todo o apreço,
todo o afeto, toda a admiração do Rio Grande do Sul. Mais ainda quando,
atravessando dificuldades na sua saúde física, está presente na dignidade do
seu caráter e na vibração total do seu intelecto, honrando o Rio Grande do Sul
e o Brasil. Muito obrigado, meu irmão Synval Guazelli. (Palmas)
Interessante que Guido Mondin
foi eleito Senador pelo PTB e PRP. Mais da metade do Rio Grande do Sul votou
nele em 1958. Veio a Revolução, o golpe de Estado – prefiro falar em golpe -, e
Guido Mondin, com as forças a que pertencia, integrou-se à Arena (...)”
Para encontrar o discurso completo, acesse:
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